O Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou o edital de licitação para as obras do Parque RJ em São João de Meriti, com investimento estimado de R$ 32,3 milhões. O projeto, que promete transformar uma área de 35,9 mil m² no bairro Jardim Meriti, é apresentado como um marco ambiental e urbano, mas vem sendo anunciado em meio à grave crise financeira que atinge o município.
🌳 O projeto do parque
De acordo com o edital da Secretaria de Estado das Cidades (SECID-RJ), o Parque RJ contará com quadras esportivas, pista de caminhada, academias ao ar livre, playgrounds inclusivos, praças molhadas, jardins multissensoriais, áreas para foodtrucks e pavimentação permeável com drenagem natural.
O objetivo é reduzir ilhas de calor, melhorar a infiltração da água da chuva e aumentar as áreas verdes em uma das cidades mais adensadas da Baixada Fluminense.
O terreno será cedido pela Prefeitura, mas o financiamento é 100% estadual, sem impacto direto nas contas municipais. A expectativa é de gerar cerca de 200 empregos diretos e indiretos durante a execução da obra.
⚠️ Calamidade financeira e decretos sucessivos
Enquanto o Estado investe no novo parque, São João de Meriti enfrenta uma situação fiscal crítica.
O prefeito Léo Vieira decretou estado de calamidade financeira por meio do Decreto nº 7.337, de 10 de janeiro de 2025, apontando risco de paralisação em serviços essenciais, como saúde, educação e limpeza urbana.
Na ocasião, a dívida herdada foi estimada em R$ 400 milhões.
Nos meses seguintes, a crise se agravou. O governo municipal editou o Decreto nº 7.406, em 8 de maio de 2025, e depois o Decreto nº 7.462, em 5 de setembro de 2025, prorrogando o estado de calamidade e reconhecendo que o déficit real ultrapassa R$ 1,04 bilhão.
Com isso, já são três decretos oficiais de calamidade apenas em 2025, o que evidencia a profundidade do colapso nas contas públicas e a ausência de recuperação efetiva até o momento.
🏗️ Um contraste de prioridades
O investimento do Governo do Estado no Parque RJ é visto por parte da população como um símbolo de progresso ambiental, mas também levanta questionamentos sobre prioridades de gestão.
Enquanto a cidade enfrenta atrasos em contratos, cortes orçamentários e redução de serviços básicos, o anúncio de uma obra milionária pode funcionar como um “tapa-buraco político”, gerando visibilidade positiva, mas sem aliviar a crise financeira local.
Mesmo sendo uma iniciativa estadual, a escolha de Meriti para receber o parque reforça a disputa de narrativas entre governo estadual e municipal, num momento em que a cidade ainda luta para equilibrar as contas e reestruturar serviços essenciais.
🕳️ Sem plano claro para sair do buraco
Apesar de sucessivas prorrogações da calamidade, a Prefeitura de São João de Meriti ainda não apresentou um plano público de recuperação fiscal.
Não há detalhamento sobre medidas para quitar dívidas, reorganizar contratos, recuperar receita própria ou buscar novas fontes de financiamento.
Enquanto isso, a população continua enfrentando problemas em áreas como saúde, educação, saneamento e segurança, com ausência de metas e prazos concretos para a retomada da normalidade financeira.
🧩 O dilema
De um lado, um projeto moderno e ambientalmente relevante; do outro, um município endividado e sem estratégia clara de recuperação.
O Parque RJ deve avançar, mas a pergunta que ecoa entre os moradores é: quem vai cuidar da cidade enquanto o parque não chega?
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