Início Mundo Tony Blair pode ter papel crucial no plano de Trump para Gaza

Tony Blair pode ter papel crucial no plano de Trump para Gaza

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair (1997-2007) voltou a ter seu nome citado nos principais jornais do mundo na última semana após ser cotado para um papel decisivo no governo de transição de Gaza proposto pelos Estados Unidos.

O estadista britânico, de 72 anos, é reconhecido por sua participação nas históricas negociações de paz que encerraram um conflito de três décadas na Irlanda do Norte. Também esteve envolvido há anos na promoção de projetos para o desenvolvimento econômico no Oriente Médio após deixar o poder.

Sua função na proposta de Donald Trump, desta vez, envolveria uma possível administração interina de Gaza por meio de um novo órgão apoiado pela ONU – presidido de fato pelo republicano – chamado Autoridade Internacional de Transição de Gaza (Gita, na sigla em inglês), conforme foi apresentado a líderes israelenses e árabes nos últimos dias. Esse governo transitório poderia administrar o enclave por até cinco anos.

Segundo o jornal The Washington Post, o plano americano anunciado nesta semana conta com uma forte influência da visão de Blair para a região. O ex-premiê acumula um longo histórico com Oriente Médio devido à sua atuação como primeiro-ministro, enviado especial da ONU, consultor privado e mediador de conflitos.

O plano americano não deixa claro se Tony Blair teria poderes diretos de governança ou se sua participação seria numa função de chefe de um órgão fiscalizador, formado por um conselho. A possibilidade de envolvimento do ex-primeiro-ministro é apenas uma das alternativas avaliadas por Washington.

A experiência diplomática em assuntos espinhosos do Oriente Médio e em outras partes do mundo coloca o estadista em destaque nas atuais negociações de paz entre Israel e o Hamas. Isso porque, desde que a guerra eclodiu, em 2023, Tony Blair tem participado de reuniões de alto nível em busca de uma solução para o conflito, incluindo o plano controverso que defendia realocar palestinos da Faixa de Gaza em outros países da região para construção da “Riviera do Oriente Médio”. Um instituto ligado a Tony Blair informou na ocasião que participou dessas reuniões apenas como “ouvinte”.

Israel chegou a sugerir que o britânico poderia coordenar a entrada de ajuda internacional em Gaza. Apesar dele nunca ter se envolvido nesse sentido, Blair construiu uma rede de influência por meio do Instituto Tony Blair para a Mudança Global.

O Post destaca que o britânico vem promovendo muitas de suas ideias para o Oriente Médio desde o massacre de 7 de outubro de 2023 em Israel e se reúne frequentemente com o genro de Trump Jared Kushner, que se tornou uma espécie de interlocutor crucial para negociações com Ron Dermer, principal assessor do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e com autoridades da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Ao The Wall Street Journal (WSJ), Malcolm Rifkind, ex-secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, declarou que não acredita que Tony Blair aceitaria um cargo de liderança nesse nível em um futuro acordo para formação de um governo interino em Gaza, pois seria uma espécie de “cálice envenenado”.

Segundo o Journal, apesar da participação no acordo histórico na Irlanda do Norte, Blair é mais conhecido no Oriente Médio por seu apoio às operações militares americanas no Iraque, em 2003, quando autorizou o envio de forças britânicas para o país. Isso também poderia prejudicar sua hipotética liderança num governo interino do enclave palestino.

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