Início Brasil Moraes ligou para Galípolo para tratar de Banco Master, diz jornal

Moraes ligou para Galípolo para tratar de Banco Master, diz jornal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teria telefonado seis vezes no mesmo dia para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para saber sobre o andamento da operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), segundo o jornal Estado de S. Paulo. De acordo com o jornal, Moraes conversou diversas vezes com Galípolo sobre o assunto, sendo uma delas presencial. Moraes nega ter telefonado para Galípolo.

O ministro do STF teria procurado a autoridade monetária em meio à análise do negócio que salvaria a instituição de Daniel Vorcaro, liquidada pelo BC em 18 de novembro, sob suspeita de fraudes de R$ 12,2 bilhões. A mulher de Moraes, Viviane Moraes, fechou um contrato de R$ 129 milhões para representar o Master em Brasília, inclusive junto ao BC.

Em três notas diferentes, Moraes negou que tenha tratado do Banco Master nas conversas com Galípolo. Nas duas primeiras, o ministro fala, de forma genérica, em “reuniões” com o presidente do BC. Na última nota, divulgada na noite de terça-feira (23), após a publicação da reportagem do Estado de S. Paulo sobre os telefonemas de Moraes a Galípolo, o ministro afirma que a primeira reunião ocorreu em 14 de agosto, após a aplicação da Lei Magnitsky contra ele, e que a segunda conversa aconteceu em 30 de setembro, após sua esposa, Viviane, ter sido sancionada. Ambos os encontros teriam ocorrido no gabinete do ministro.

“Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito”, diz o texto do ministro.

Na nota, o magistrado afirma ainda que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB–Master perante o Banco Central e que também conversou sobre a Lei Magnitsky com a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e executivos do BTG, Santander e Itaú. O Banco Central confirmou essa versão em comunicado próprio. Nenhuma das notas menciona o Banco Master.

Inconsistências

Segundo o jornal, embora o gabinete de Moraes e o Banco Central tenham confirmado o encontro entre o presidente da autarquia e o ministro do STF, a reunião não consta na agenda oficial nem de Gabriel Galípolo nem dos demais integrantes da diretoria do banco. O procedimento de omitir compromissos com autoridades externas ao BC não é usual, mesmo no caso de encontros fechados à imprensa ou realizados fora da autarquia, como em viagens ao exterior ou visitas ao Congresso ou ao STF.

A nota também apresenta erros, como a data da aplicação da Lei Magnitsky, apontada como tendo ocorrido em 30 de agosto, quando a sanção foi determinada pelo governo americano em 30 de julho. Além disso, o texto menciona “aquisição do BRB pelo Banco Master”, quando, na realidade, ocorreu o inverso: o BRB tentou comprar o Master.

Outra lacuna é a afirmação de que o escritório de advocacia da esposa do ministro jamais atuou na operação entre o BRB e o Master junto ao Banco Central. Como havia revelado inicialmente o jornal O Globo, o contrato do Master com a mulher do ministro, Viviane Barci, previa justamente a atuação na defesa dos interesses da instituição e de Daniel Vorcaro junto ao Banco Central, à Receita Federal e ao Congresso Nacional. À época, nem Moraes nem o escritório se manifestaram para negar o conteúdo da reportagem. A nota tampouco explica por que, então, o principal interesse do banco junto ao Banco Central não teria sido objeto dessa atuação.

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