O Reino Unido anunciou no domingo que estava reconhecendo um Estado palestino após Israel não ter cumprido condições, incluindo um cessar-fogo na guerra de Gaza, que já dura quase dois anos. O país se junta a Canadá e Austrália, que também reconheceram formalmente neste domingo o Estado da Palestina.
“Hoje, para reavivar a esperança de paz para palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina”, disse o primeiro-ministro Keir Starmer no X. A medida de Londres o alinha com mais de 140 outras nações, mas irritará tanto Israel quanto seu principal aliado, os Estados Unidos.
A decisão tem peso simbólico, visto que o Reino Unido desempenhou um papel importante na criação de Israel como uma nação moderna após a Segunda Guerra Mundial e tem sido seu aliado de longa data. Canadá e Austrália também reconheceram um Estado palestino no domingo, e outros países devem fazê-lo esta semana na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Em uma atitude que colocou Starmer em desacordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Reino Unido havia emitido um ultimato a Israel em julho, afirmando que reconheceria um Estado palestino a menos que Israel tomasse medidas para pôr fim à “situação terrível” em Gaza.
Husam Zomlot, chefe da Missão Palestina em Londres, classificou a decisão como um “reconhecimento há muito esperado” que “não se refere à Palestina, mas ao cumprimento de uma responsabilidade solene por parte do Reino Unido.” Ele acrescentou em comunicado que “isso marca um passo irreversível em direção à justiça, à paz e à correção de erros históricos.”
Starmer havia afirmado em julho que o Reino Unido reconheceria um Estado palestino a menos que Israel chegasse a um cessar-fogo com os militantes do Hamas, permitisse a entrada de mais ajuda em Gaza, deixasse claro que não haveria anexação da Cisjordânia e se comprometesse com um processo de paz que levasse a uma solução de dois Estados.
“Desde aquele anúncio em julho, de fato, com o ataque ao Catar, um cessar-fogo está em frangalhos, e as perspectivas são sombrias”, disse o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, observando que Israel também avançou com um plano de assentamento.
Starmer tem sido pressionado por muitos de seus próprios legisladores, irritados com o crescente número de mortos em Gaza e com as imagens de crianças famintas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou neste mês que nunca haverá um Estado palestino e acusou os países que reconhecem um Estado palestino de recompensar “o terrorismo monstruoso do Hamas.”
Lammy disse anteriormente que o Reino Unido tem a responsabilidade histórica de facilitar uma solução de dois Estados, que remonta à Declaração Balfour de 1917, que prometia que a criação de um Estado judeu não infringiria os direitos árabes. As tropas britânicas capturaram Jerusalém do Império Otomano em 1917 e, em 1922, a Liga das Nações concedeu ao Reino Unido um mandato internacional para administrar a Palestina durante o acordo pós-guerra que redesenhou o mapa do Oriente Médio.
“Embora seja um passo bem-vindo, o Reino Unido deve à Palestina muito mais do que reconhecimento”, disse Victor Kattan, professor de direito internacional público e consultor da campanha “O Reino Unido deve à Palestina”, defendendo um pedido de desculpas e reparações pelas divisões violentas que engendrou. A decisão pode significar que a Missão Palestina em Londres seja elevada ao status de embaixada. Também pode resultar na proibição de produtos provenientes de assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados.
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