As ações da MRV terminaram esta terça-feira (7) com queda de 12,12%, a maior do Ibovespa, a R$ 6,31, após a incorporadora ter divulgado, pela manhã, a prévia operacional do terceiro trimestre. O índice Imob, que reúne 17 empresas do setor imobiliário, registrou queda de 3,18%.
A companhia apresentou queima de caixa em seus quatro segmentos — incorporação nacional, a loteadora Urba, a empresa de prédios para locação residencial Luggo e a companhia americana Resia — e também trouxe vendas e lançamentos menores do que no mesmo trimestre de 2024 e em relação ao segundo trimestre deste ano.
Os resultados ficaram aquém do esperado pelos analistas do Itaú BBA e da XP. As vendas recuaram 0,5% em relação ao terceiro trimestre de 2024 e 8,9% sobre o segundo trimestre deste ano, para R$ 2,4 bilhões. Os lançamentos atingiram R$ 2,3 bilhões, queda de 9,4% na comparação anual e de 31,7% na trimestral.
Ricardo Paixão, diretor-financeiro da companhia, afirma que isso é explicado por uma falha nos repasses de benefícios concedidos por programas estaduais de habitação, e especificamente do programa do Amazonas.
A empresa terminou o trimestre com 1.800 unidades que aguardam repasse, ou seja, que a MRV vendeu, mas ainda não recebeu os recursos. Dessas, quase 1.200 são do Amazonas, afirma. Em junho, o represamento total era de 1.300 unidades.
Esses programas, conhecidos como “cheques regionais”, ajudam o beneficiário a pagar a entrada do imóvel, para então conseguir acessar o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com financiamento da Caixa Econômica Federal. Sem o cheque, o crédito da Caixa não é liberado, nem repassado à incorporadora, que não registra a venda no seu balanço.
Sem esse atraso, afirma Paixão, as vendas líquidas chegariam a R$ 2,8 bilhões, acima do terceiro trimestre de 2024 e do segundo de 2025. O executivo explica, ainda, que esse atraso no repasse também afetou a geração de caixa, que foi de R$ 30,4 milhões no segmento de incorporação nacional. A empresa estima que R$ 93 milhões deixaram de ser gerados.
Na Resia, que opera nos Estados Unidos, houve queima de caixa de US$ 1,5 milhão, ou R$ 8 milhões na cotação atual da moeda. Os analistas do Citi destacaram que essa queima ocorreu mesmo com a venda de quatro terrenos da companhia, que está em fase de desinvestimento. “Não são vendas com valor tão alto assim”, afirma Paixão. Segundo ele, no quarto trimestre a Resia deve registrar a venda de um projeto, com valor maior.
Na Urba, houve queima de caixa de R$ 8,6 milhões, ante queima de R$ 13,6 milhões no mesmo período de 2024. Na Luggo, queima foi de R$ 20,4 milhões, revertendo geração de R$ 13,6 milhões um ano antes.
Em relatório, os analistas do Itaú BBA afirmaram que ainda há “baixa visibilidade sobre as perspectivas de lucro” da empresa e que o “perfil de risco-retorno” está pouco atrativo.
Paixão afirma que, ao final do ano, será possível ver o terceiro trimestre como um “ponto fora da curva” nos resultados da MRV. Os cheques regionais no Amazonas “não devem ser problema no quarto trimestre”, diz. A companhia “tem o compromisso” da Secretaria de Habitação da cidade com a resolução dos atrasos. Quando isso acontecer, os valores vão se somar ao que for vendido durante o quarto trimestre.
A empresa espera que o período de outubro a dezembro seja mais forte em lançamentos do que o terceiro trimestre, de acordo com Paixão, de forma que a MRV ultrapasse os R$ 11 bilhões em valor lançado que foram projetados para o ano.
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