A comissão mista aprovou nesta terça-feira (7) o relatório elaborado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP) para a Medida Provisória 1303/25 que aumenta impostos para compensar a revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O placar foi apertado: 13 votos a favor e 12 contra.
A medida é considerada fundamental para fechar as contas do próximo ano, porém, o governo Lula (PT) aceitou a desidratação do texto para conseguir salvar R$ 15 bilhões. A expectativa inicial, entre arrecadação e renúncia fiscal, era de R$ 35 bilhões para os cofres públicos.
O Executivo corre contra o tempo para salvar parte da MP, que perderá a validade nesta quarta-feira (8). Ou seja, a matéria precisa ser aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado até às 23h59 desta quarta.
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Durante a sessão, Zarattini decidiu aumentar a alíquota de Imposto de Renda sobre diversas aplicações financeiras e investimentos para 18% após uma sugestão do líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). O texto original previa a tributação de 17,5%.
Já alíquota do IR para Juros sobre Capital Próprio (JCP) foi fixada em 18%. Neste caso, o o governo havia elevado o imposto de 15% para 20%.
Prevista para ocorrer de manhã, a análise do relatório foi adiada para a tarde e só começou pouco depois das 17h. Parlamentares da oposição tentaram adiar a votação, mas o senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente do colegiado, descartou essa possibilidade. A votação já foi adiada diversas vezes pelo colegiado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta segunda-feira (6) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com líderes partidários em busca de consenso sobre a medida.
Nesta tarde, o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que ainda não havia acordo para aprovar a MP. Segundo o petista, há um movimento de partidos de oposição para prejudicar o governo e “cavar uma crise no país com um forte impacto fiscal”.
Antes do início da reunião, Calheiros afirmou que o Senado não iria aprovar a proposta com as mudanças da Câmara. Ele disse que os senadores não foram comunicados sobre a mudança na taxação das bets feita pelo relator.
“Não se pode aprovar uma MP, seja qual teor for, com o que foi discutido apenas na Câmara. Como vai aprovar nas duas Casas, se só debateu em uma? Sou contra essa redução [da taxação das bets]. O Senado precisa passar pela discussão, não vamos homologar uma decisão da Câmara”, criticou.
Originalmente, o texto previa o aumento da tributação sobre o faturamento das plataformas de apostas esportivas, as bets, de 12% para 18%. Diante da resistência de setores do Congresso, ele manteve a alíquota atual.
O relator criou um programa para tributar as bets que operaram no Brasil antes da regulamentação, chamado Regime Especial de Regularização de Bens Cambial e Tributária (RERCT Litígio Zero Bets). O dispositivo estabelece a cobrança retroativa de 15% do IR, com multa de 100%.
O prazo de adesão é de 90 dias, a partir da data de publicação da Lei, a qual deve ser realizada mediante declaração voluntária da situação patrimonial em 31 de dezembro de 2024 e pagamento de imposto e multa.
O que diz o texto original da MP
A MP estabeleceu a tributação de títulos incentivados (LCI, LCA, CRI, CRA e outros) em 5% (que eram isentos para pessoas físicas); a alíquota uniforme de 18% sobre várias aplicações financeiras; o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs de 9% para 15% e da taxação das casas de apostas (“bets”) de 12% para 18%.
O aumento da taxação estava em vigor desde 11 de junho, quando o texto foi editado pelo governo. Zarattini também propôs o aumento da taxação sobre o rendimento de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) de 5% para 7,5%, mas voltou atrás após pressão da bancada do agronegócio e do Congresso. Com isso, os títulos incentivados permanecem isentos.
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