A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), colocou a descarbonização no centro do debate global. A Neoenergia apresentou projetos e reforçou sua estratégia de eletrificação, inovação e inclusão. Da modernização das redes ao projeto de descarbonização de Fernando de Noronha, a companhia lidera uma transição energética eficiente e geradora de oportunidades. Em entrevista, o CEO Eduardo Capelastegui detalha os próximos passos.
1.A COP30 colocou a descarbonização no centro do debate global. Como a Neoenergia vê esse processo?
A COP30 reforçou que acelerar a descarbonização é imperativo — e isso só ocorrerá com a eletrificação como motor da nova economia. Mas não basta gerar energia renovável: são necessárias redes robustas, digitais e inteligentes, que sustentem essa transformação. Estudos internacionais indicam que o mundo terá de investir mais de US$ 20 trilhões até 2035, triplicando os aportes em redes elétricas.
Estimamos que a demanda global por eletricidade deverá dobrar em até 15 anos, impulsionada por inteligência artificial, data centers, mobilidade elétrica e climatização. Esse movimento é irreversível e coloca o Brasil diante de uma oportunidade histórica: liderar a transição energética global, apoiado por uma das matrizes elétricas mais limpas e renováveis do planeta.
Nesse cenário, ampliar a infraestrutura para conectar mais geração limpa, eletrificar setores intensivos em carbono e garantir qualidade será essencial. Por isso, nossa estratégia prioriza a modernização e a expansão das redes, com investimentos em digitalização, automação e qualidade do serviço. Esses avanços são decisivos para acelerar a transição e garantir segurança energética.
2. Como o plano de investimentos da Neoenergia dialoga com esse cenário?
Estamos investindo para garantir redes modernas e resilientes. Em 2024, fomos a empresa que mais investiu em infraestrutura no país, com R$ 9,8 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Nosso Plano Estratégico 2025–2028 prevê mais de R$ 30 bilhões, com foco em distribuição e transmissão.
Na COP30, anunciamos um financiamento verde de € 300 milhões do Banco Europeu de Investimento (BEI) para modernizar as redes da Neoenergia Coelba, na Bahia. O recurso permitirá expansão de linhas, novas conexões e automação, levando energia limpa e de qualidade para milhões de pessoas, especialmente comunidades de baixa renda.
3. Quais iniciativas recentes deixam legado concreto para o país?
Lançamos o projeto Mais Por Noronha, que vai descarbonizar Fernando de Noronha substituindo o biodiesel por geração solar com baterias — um investimento de R$ 350 milhões. Em parceria com o Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, e o Governo de Pernambuco, o projeto é um laboratório da transição energética, com benefícios diretos para a população e potencial de inspirar novos modelos.
Também avançamos na digitalização das redes, na expansão de microrredes — que atendem comunidades remotas — e na integração de renováveis, consolidando infraestrutura capaz de sustentar a eletrificação do país.
4. Como a Neoenergia tem avançado em inovação para descarbonizar setores intensivos em carbono?
Estamos transformando a matriz energética com soluções verdes que unem inovação e impacto real. Nosso portfólio reúne produtos e serviços de descarbonização industrial, com soluções customizadas que reduzem custos e emissões de carbono. Parcerias com empresas como Motiva, Ambev, Nexus e com o Comitê Olímpico do Brasil garantem geração 100% renovável certificada.
Também avançamos no hidrogênio Verde: com mais de R$ 30 milhões investidos, construímos no Distrito Federal uma das primeiras unidades de abastecimento para veículos leves e pesados, alimentada por usina solar. O projeto, que será inaugurado este ano, integra o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e funcionará como centro de conhecimento para o desenvolvimento do hidrogênio no Brasil.
5. Como garantir que a transição energética também seja socialmente justa?
Projetos como o de Xique-Xique, em uma comunidade isolada da Bahia, levam energia limpa 24 horas por dia para cerca de 100 famílias, graças a uma usina solar e a uma microrrede pioneira no Nordeste.
Nossa Escola de Eletricistas já formou mais de 6 mil profissionais — mais de mil mulheres —, e mais de 75% dos formados foram contratados pela empresa. A iniciativa para mulheres, pioneira no setor, foi reconhecida pela ONU Mulheres e pelo Fórum Econômico Mundial.
O programa Potencialize, primeiro do setor elétrico exclusivo para pessoas negras, acelera a carreira de colaboradores negros e pardos. Em um ano, 50% dos participantes foram promovidos.
6. Qual é a sua visão para o futuro da energia?
A eletrificação é o eixo central da descarbonização e do desenvolvimento econômico, sustentado por investimentos em redes de transmissão, distribuição, geração e armazenamento. Para avançar, o país precisa de políticas energéticas robustas e um ambiente regulatório estável que estimule investimentos.
Com 90% da nossa geração vinda de fontes limpas, seguimos investindo em redes inteligentes e digitalização para garantir fornecimento seguro, acessível e sustentável. Mantemos esse compromisso com nossos clientes e com o país.
Transição energética dá novas chances aos jovens
Encontro promovido por Iberdrola e Neoenergia discute caminhos para ampliar a formação e a inserção de talentos na economia de baixo carbono
Durante a COP30, a Iberdrola e a Neoenergia promoveram o Diálogo com Jovens sobre Oportunidades de Empregos Verdes, que reuniu representantes do PerifaConnection, do Observatório das Baixadas e de outras organizações ligadas ao clima e à inclusão social. A vice-presidente da Neoenergia, Solange Ribeiro, destacou que a eletrificação amplia oportunidades.
— Vivemos um momento sem precedentes, e a transição verde precisa da energia e da determinação da juventude. As oportunidades da eletrificação e de tecnologias como inteligência artificial só poderão ser aproveitadas com formação adequada. A educação é a chave para os profissionais do futuro — afirmou.
Segundo o LinkedIn, será necessário dobrar o número de profissionais em empregos verdes até 2050. O Brasil tem potencial para ocupar esse espaço, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos que não trabalham nem estudam — quarta maior população nessa condição entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
— Estamos nos territórios, criando soluções e conectando jovens a quem toma decisões — explica Thuane Nascimento, diretora-executiva do PerifaConnection e uma das sete lideranças que participaram do encontro.
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