As vendas de automóveis japoneses fabricados no exterior e importados para o Japão devem atingir um recorde histórico em 2025. Isso porque montadoras como Honda e Suzuki aproveitam a mão de obra barata da Índia para viabilizar um modelo de produção competitivo em termos de custos.
As vendas de carros de passeio e caminhões japoneses fabricados no exterior, de janeiro a novembro, aumentaram 19% em relação ao ano anterior, atingindo 102.332 unidades, segundo dados divulgados na quinta-feira pela Associação Japonesa de Importadores de Automóveis. O número total do ano certamente superará as 107.092 unidades de 1995 — o maior número registrado desde 1988.
A década de 1990 foi marcada por intensos atritos comerciais com os Estados Unidos no setor automotivo. Com o iene se valorizando para cerca de 90 por dólar na época, o governo japonês expandiu as importações em um esforço para aliviar as tensões, resultando em um aumento temporário nas importações de veículos de marcas japonesas dos Estados Unidos.
O ano de 2025 provavelmente estabelecerá um novo recorde anual – apesar de o iene ter se desvalorizado para mais de 150 por dólar, elevando os custos de importação – graças à presença da Índia.
A Honda importa seu utilitário esportivo compacto WR-V da Índia desde 2024. No total, a empresa vendeu 35.043 veículos importados no Japão entre janeiro e novembro.
A Suzuki importa modelos fabricados na Índia, como o SUV Fronx, desde outubro de 2024. A empresa vendeu 39.009 veículos importados no Japão no período de janeiro a novembro – nove vezes mais do que um ano antes.
O salário médio mensal dos operários em fábricas japonesas em Nova Déli foi de 37.583 rupias (cerca de US$ 420 na cotação atual), segundo dados de pesquisa publicados pela Organização de Comércio Exterior do Japão. Em Tóquio, o valor foi de 295.849 ienes (US$ 2.910), o que significa que os custos trabalhistas na Índia são aproximadamente um quinto dos custos no Japão.
A rápida expansão da Índia como potência global na fabricação de automóveis também é um fator importante. A Suzuki tem capacidade de produção de 1 milhão de unidades no Japão e 2,6 milhões de unidades na Índia. O presidente Toshihiro Suzuki afirmou que o “nível tecnológico da Índia está melhorando” e acrescentou que a qualidade não difere muito da dos veículos fabricados no Japão.
As vendas de automóveis na Índia atingiram 5,22 milhões de unidades em 2024, superando os 4,42 milhões do Japão e ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Enquanto a Índia, com sua população de 1,4 bilhão de habitantes, deve continuar crescendo, as vendas no Japão estão em queda devido ao declínio populacional e devem ficar abaixo de 5 milhões de unidades pelo sexto ano consecutivo em 2025.
Com o Japão em um cenário de inflação acelerada, posicionar a Índia como uma base global de exportação e expandir a produção no país oferece vantagens de custo para as montadoras, mesmo com o iene desvalorizado. A Honda produzirá seu veículo elétrico estratégico global 0 Alpha na Índia e o importará para o Japão, com lançamento a partir de abril de 2027.
As importações de automóveis japoneses fabricados nos Estados Unidos também devem crescer. Após negociações tarifárias com os Estados Unidos, o Japão planeja simplificar os procedimentos de certificação para veículos fabricados no país, facilitando sua importação.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em outubro que a Toyota planejava exportar veículos fabricados nos Estados Unidos para o Japão. A Nissan também está considerando fazer o mesmo.
Antes da crise financeira global de 2008, o Japão disputava com os Estados Unidos o título de maior produtor mundial de automóveis, com uma produção anual superior a 10 milhões de unidades. Desde então, o Japão caiu para o terceiro lugar, com 8,23 milhões de unidades, e corre o risco de ser ultrapassado pela Índia, que ocupa o quarto lugar com 6,01 milhões de unidades.
“A competitividade de custos do Japão sofreu um declínio relativo, tornando necessárias reformas fundamentais na produção nacional”, afirmou Sanshiro Fukao, pesquisador executivo do Instituto de Pesquisa Itochu.
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