Após sofrer desgaste com as denúncias de corrupção na Agência Nacional de Deficiência (Andis) envolvendo sua irmã e secretária-geral da presidência, Karina Milei, ver seu partido perder a eleição legislativa provincial de Buenos Aires em setembro e amargar derrotas no Congresso, o presidente da Argentina, Javier Milei, acumulou vitórias na semana passada.
Ele fechou com o governo Trump um acordo para uma linha de swap de US$ 20 bilhões para ajudar a Argentina; foi homenageado pelo think tank americano Atlantic Council com o Prêmio Cidadão Global de 2025, entregue em Nova York; e dados oficiais apontaram que a pobreza no país sul-americano atingiu o menor patamar desde 2018.
Porém, bastou Milei voltar à Argentina, e outra crise política veio atormentá-lo: uma denúncia de que o deputado José Luis Espert, cabeça da lista de candidatos na província de Buenos Aires para a Câmara federal do partido do presidente, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), para as eleições legislativas nacionais de 26 de outubro, teria ligações com o narcotráfico.
A denúncia aponta supostos vínculos de Espert com Federico “Fred” Machado, empresário argentino acusado nos Estados Unidos em um caso de tráfico de drogas.
Por esse motivo, Machado, que está em prisão domiciliar, tem um pedido de extradição para os Estados Unidos pendente de análise na Corte Suprema argentina desde 2021.
Esses vínculos teriam surgido em 2019, durante a campanha presidencial de Espert. A princípio, foi divulgado que Machado teria transportado o hoje deputado em seu avião particular apenas uma vez, para um evento de campanha na cidade de Viedma, no sul do país.
Porém, nesta quinta-feira (2), o jornal Clarín relatou que a Justiça Federal confirmou que Espert fez pelo menos 35 voos nos aviões corporativos de Machado durante a campanha presidencial de 2019.
Uma denúncia judicial contra Espert, apresentada pelo ativista e candidato kirchnerista Juan Grabois, se baseia na descoberta do nome do deputado do LLA nos livros contábeis de Machado, como beneficiário de um pagamento de US$ 200 mil em fevereiro de 2020.
A denúncia contra o deputado foi apresentada em um tribunal federal em San Isidro, província de Buenos Aires, enquanto outra investigação sobre doações à campanha presidencial de Espert nas eleições de 2019 permanece aberta.
Assim como fez em relação às denúncias sobre sua irmã, Milei tem falado que o escândalo envolvendo seu aliado tem motivação política.
“É surpreendente que isso apareça agora, neste contexto. São coisas estranhas. Estão fazendo esse barulho durante o período eleitoral”, disse Milei na terça-feira (30), em entrevista à emissora de televisão A24.
Porém, membros da gestão Milei têm cobrado explicações de Espert. O chefe de Gabinete da presidência, Guillermo Francos, e a ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, cobraram publicamente que o deputado esclareça o assunto.
“Nós, que combatemos o narcotráfico com todas as nossas forças, não podemos aceitar condutas de pessoas aliadas ao narcotráfico”, disse Bullrich, em entrevista à rádio La Red.
Em entrevista à A24, Espert negou que vá desistir da campanha pela reeleição e alegou inocência.
“Posso explicar todo o dinheiro que tenho, tudo. Tenho 64 anos e, desses 64, passei 40 anos na iniciativa privada e, nos últimos quatro anos, agreguei à atividade privada, dedicando meu tempo, a atividade no setor público, para termos um país diferente”, afirmou.
A oposição peronista, assim como no caso Andis, explora o caso para tentar desgastar Milei; porém, na quarta-feira (1º), não conseguiu que Espert renunciasse à presidência da Comissão de Orçamento da Câmara.
Porém, segundo o jornal La Nacion, os peronistas tentarão na próxima semana levar ao plenário um projeto de resolução da deputada Victoria Tolosa Paz para destituir Espert da presidência da comissão.
@jornaldemeriti – Aqui você fica por dentro de tudo.
Fala com a gente no WhatsApp: (21) 97914-2431