A reunião bilateral entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, tinha um principal objetivo para a chancelaria brasileira: fazer com que o governo americano recuasse das tarifas alfandegárias de 50% impostas sobre produtos nacionais.
Mas, para além desse assunto, de acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, um dos presentes na reunião, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro condenado por liderar uma suposta trama golpista e aliado de Trump enquanto mandatário do Brasil, também foi pauta do encontro na Ásia.
“A questão do Bolsonaro apareceu, inclusive antes na entrevista, em que [Trump] foi perguntado, mas muito lateralmente”, disse o secretário.
Essa informação também foi corroborada por jornais de grande circulação no Brasil, como O GLOBO, Folha de São Paulo e Estadão.
Segundo o GLOBO, auxiliares do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmaram que, na reunião, Lula teria dito não haver assunto proibido mas destacou que o processo de Jair Bolsonaro seguiu o devido processo legal.
Não obstante, a Folha, citando “membros do governo”, destacou que o nome do ex-presidente surgiu pelo próprio Lula, que teria deixado claro que nada poderia influenciar as decisões do Judiciário brasileiro, o que teria sido acolhido por Trump.
Ao G1, Mácio Rosa também disse que a Lei Magnitsky, sanção econômica imposta pela Casa Branca ao ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), também foi citada no encontro e tratada como “injusta” pelo petista.
“Mas também o [que o] presidente Lula utilizou com o exemplo é a injustiça da aplicação da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades, como do Supremo Tribunal Federal (STF), o quão injusta é essa medida em relação a esses ministros porque respeitou-se o devido processo legal e não há nenhuma perseguição política ou jurídica”, afirmou o secretário ao G1.
Assunto foi desconversado em frente aos jornalistas
Antes de as portas serem fechadas, os jornalistas presentes puderam fazer perguntas aos presidentes e quando Trump foi questionado sobre a situação de Bolsonaro, o republicano respondeu que “sempre gostou dele” e que se entristeceu com a condenação por tentativa de golpe de Estado.
Em um outro momento, quando um dos repórteres insistiu em saber se o ex-presidente brasileiro seria tema da reunião, Trump retrucou: “Não é da sua conta”.
“Eu sempre gostei dele, fiquei muito mal com o que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele já passou por muita coisa”, disse o chefe da Casa Branca em Kuala Lumpur.
Na carta enviada por Trump em que anunciou o tarifaço de 50%, em julho, o chefe da Casa Branca condenou a postura do STF contra Bolsonaro e alegou uma relação comercial injusta mantida entre os países.
“Eu conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeitava profundamente. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, afirmou Trump.
O presidente dos Estados Unidos também mencionou na carta ataques “insidiosos” do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos, mencionando diretamente o STF, que, segundo ele, “emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e expulsão do mercado brasileiro de mídia social”.
@jornaldemeriti – Aqui você fica por dentro de tudo.
Fala com a gente no WhatsApp: (21) 97914-2431
