O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) vai avaliar os “prós e contras” de um aumento dos juros em sua próxima reunião de política monetária, disse o presidente da instituição, Kazuo Ueda, nesta segunda-feira (1). Foi o sinal mais claro até agora de que um aperto pode ocorrer ainda neste mês.
As declarações impulsionaram o iene e os rendimentos dos títulos, à medida que os mercados passaram a precificar a possibilidade de elevação da taxa básica na reunião de 18 e 19 de dezembro.
Ueda afirmou que, com a dissipação das incertezas relacionadas às tarifas dos Estados Unidos, aumentou a chance de o BoJ cumprir suas projeções de atividade e inflação — indicando que as condições para uma alta de juros estão ganhando força.
Segundo ele, o banco central está num momento em que precisa analisar se vai se manter o atual dinamismo das empresas na definição de salários, ponto central para calibrar o ritmo de aperto monetário.
O líder do BoJ destacou que a escassez de mão de obra vem se agravando, os lucros corporativos seguem elevados e o principal lobby empresarial do país tem defendido aumentos salariais robustos. Ueda disse ainda que o banco está coletando informações detalhadas sobre reajustes de salários por meio de pesquisas conduzidas por suas sedes regionais.
“Vamos examinar a evolução econômica e de preços, no Japão e no exterior, além dos movimentos de mercado, e ponderar os prós e contras de elevar as taxas”, afirmou.
Após suas declarações, o iene ampliou ganhos e avançou 0,4%, atingindo 155,49 por dólar na máxima da sessão. O rendimento do JGB de 10 anos subiu 4 pontos-base, a 1,84%, maior nível desde junho de 2008.
“As falas deixaram claro que o BoJ está preparando terreno para uma alta em dezembro”, disse Tsuyoshi Ueno, economista do NLI Research Institute. Ele ponderou, porém, que Ueda manteve espaço para aguardar até janeiro, dependendo dos próximos indicadores econômicos dos EUA e do cenário político interno.
Com juros reais ainda profundamente negativos, uma nova alta manteria os custos de crédito baixos e equivaleria mais a “reduzir o estímulo” do que a acionar os freios, segundo Ueda.
O presidente da autoridade monetária japonesa afirmou que o banco não deve atrasar demais nem se antecipar excessivamente ao aperto, a fim de garantir que o Japão alcance de forma estável sua meta de inflação de 2% e uma trajetória de crescimento sustentável. Ele também disse que a fraqueza do iene tende a pressionar a inflação ao elevar custos de importação — fator que o BoJ precisa considerar na formulação de sua política.
O BoJ encerrou em 2024 seu programa de estímulo ultrafrouxo, em vigor por uma década, e elevou a taxa para 0,5% em janeiro, ao avaliar que a economia estava próxima de atingir de forma duradoura a meta de 2%. Embora tenha mantido as taxas desde então para analisar os efeitos das tarifas americanas, a inflação persistentemente alta tem levado o conselho da instituição a reforçar a discussão sobre uma nova elevação.
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