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Trump diz que Ucrânia não é grata por esforços de paz; negociações prosseguem em Genebra | Mundo

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no domingo que a Ucrânia não tem demonstrado gratidão pelos esforços americanos relacionados à guerra com a Rússia, mesmo com o fluxo contínuo de armas dos EUA e a Europa comprando petróleo russo. “A ‘liderança’ da Ucrânia não demonstrou nenhuma gratidão pelos nossos esforços, e a Europa continua comprando petróleo da Rússia. Os EUA continuam vendendo grandes quantidades de armas para a Otan, para distribuição à Ucrânia”, disse Trump numa publicação em sua rede Truth Social, enquanto autoridades americanas, ucranianas e europeias se reuniam em Genebra para discutir um plano preliminar apresentado por Washington para encerrar a guerra.

“A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é violenta e terrível, e com uma liderança forte e adequada dos EUA e da Ucrânia, JAMAIS teria acontecido. Ela começou muito antes de eu assumir meu segundo mandato, durante o governo do Joe Biden, e só piorou”, escreveu, alegando que o presidente russo, Vladimir Putin, só realizou o ataque “quando viu Sleepy Joe [apelido que ele deu ao ex-presidente Joe Biden] em ação”. E continuou: “Eu herdei uma guerra que nunca deveria ter acontecido, uma guerra que é uma derrota para todos, especialmente para os milhões de pessoas que morreram desnecessariamente.”

Em paralelo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que as propostas dos EUA para pôr fim à guerra na Ucrânia podem incluir uma série de elementos baseados em perspectivas ucranianas e cruciais para os interesses nacionais do país. “Já houve breves relatos dos membros de nossa delegação sobre os resultados de suas primeiras reuniões e conversas”, disse Zelensky no X, comentando as conversas com as equipes da UE e dos EUA em Genebra. “Mais trabalho está em andamento para tornar todos os elementos verdadeiramente eficazes na conquista do principal objetivo almejado por nosso povo: pôr fim, finalmente, ao derramamento de sangue e à guerra”, acrescentou.

O alto funcionário de segurança ucraniano Rustem Umerov afirmou que seu país espera avançar nas negociações com as delegações europeia e americana em Genebra. “Nossas propostas atuais, embora ainda não finalizadas, incluem muitas prioridades ucranianas”, escreveu Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, no Telegram. “Agradecemos aos nossos parceiros americanos por trabalharem em estreita colaboração conosco para entender nossas preocupações e chegarmos a este ponto crucial, e esperamos avançar ainda mais hoje.”

Já o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse no domingo que espera que o processo de paz entre a Rússia e a Ucrânia avance, mas que não discutiu com o presidente Donald Trump um prazo para que a Ucrânia assine um plano de paz americano que cede mais território à Rússia. Os EUA alertaram a Ucrânia de que poderiam cortar a assistência militar caso o país não assine o acordo, informou a Reuters. “No fim das contas, será uma decisão dos ucranianos”, disse Bessent ao programa “Meet the Press” da NBC.

Na sexta-feira, Trump afirmou que Zelensky tinha até quinta-feira para aprovar o plano de 28 pontos, que exige que a Ucrânia ceda território, aceite limites às suas forças armadas e renuncie às ambições de ingressar na OTAN.

Para muitos ucranianos, incluindo soldados que lutam na linha de frente, tais termos equivaleriam à capitulação após quase quatro anos de combates no conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. No sábado, Trump disse que a proposta atual para o fim da guerra não é sua oferta final.

Desde o anúncio do plano, houve confusão sobre quem participou de sua elaboração. Os aliados europeus afirmaram não terem sido consultados.

Enquanto as autoridades começavam a se reunir a portas fechadas em Genebra, o chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que o objetivo era elaborar um plano aceitável para a Ucrânia que pudesse ser usado em uma negociação com a Rússia. Isso provavelmente levaria tempo, disse ele.

“Neste momento, ainda não estou convencido de que chegaremos à solução que o presidente Trump deseja nos próximos dias”, disse Merz à margem de uma reunião do G20 em Joanesburgo.

A minuta do plano, que inclui muitas das principais exigências da Rússia e oferece apenas vagas garantias de segurança à Ucrânia, surge em um momento perigoso para o país.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no domingo que as fronteiras da Ucrânia não podem ser alteradas pela força, que seu exército não pode ficar vulnerável a ataques e que a União Europeia deve ter um papel central em um acordo de paz para a Ucrânia.

A Rússia tem conquistado terreno em algumas partes da frente de batalha, embora lentamente e, segundo autoridades ocidentais e ucranianas, os avanços têm sido extremamente custosos em termos de vidas perdidas.

O importante centro de transportes de Pokrovsk foi parcialmente tomado pelas forças russas e os comandantes ucranianos afirmam não ter soldados suficientes para impedir pequenas e persistentes incursões.

As instalações de energia e gás da Ucrânia têm sido alvo de ataques com drones e mísseis, o que significa que milhões de pessoas ficam sem água, aquecimento e energia elétrica por horas todos os dias.

O próprio Zelensky tem sofrido pressão interna após um grande escândalo de corrupção ter vindo à tona, envolvendo alguns de seus ministros e pessoas de seu círculo próximo.

Ele alertou que a Ucrânia corre o risco de perder sua dignidade e liberdade – ou o apoio de Washington – por causa do plano dos EUA.

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