Em entrevista exibida no domingo (02) no programa 60 Minutes, da CBS, Trump disse que o líder chinês Xi Jinping “entende o que acontecerá” se o Exército de Libertação Popular tentar invadir Taiwan. Quando questionado pela apresentadora Norah O’Donnell sobre o que isso significava exatamente, Trump disse: “Não quero revelar, não posso revelar meus segredos”.

Trump acrescentou que Xi e outros funcionários chineses disseram em reuniões que nunca agiriam contra Taiwan enquanto ele fosse presidente dos EUA “porque eles conhecem as consequências”, de acordo com uma transcrição da entrevista da CBS.

Os comentários devem proporcionar alguma tranquilidade às autoridades em Taipei de que os EUA continuarão a apoiar Taiwan militarmente diante da agressão chinesa. Trump causou preocupação em Taiwan ao dizer que o país se beneficiou da indústria de chips dos EUA e que deveria fazer muito mais para se defender contra o Exército de Libertação Popular, que aumentou sua atividade ao redor do arquipélago nos últimos anos.

Pequim considera Taiwan como seu território que deve ser colocado sob seu controle um dia, pela força, se necessário. Taipei rejeita essa visão, e o presidente Lai Ching-te tornou a preparação da democracia para qualquer emergência uma prioridade desde que assumiu o cargo no ano passado.

Para lidar com as tensões com a China sobre a questão, os EUA há muito seguem uma política de “ambiguidade estratégica”, na qual Washington se reserva o direito de usar a força, mas não diz explicitamente se pode intervir.

Os EUA disseram que Taiwan não foi abordada nas conversas entre Trump e Xi na semana passada.

Wen-ti Sung, pesquisador não residente do Global China Hub do Atlantic Council, disse que o fato de o tópico não ter sido levantado é “um sinal de baixa confiança política entre os EUA e a China”.

“Chegar a qualquer ‘grande acordo’, incluindo Taiwan, exigirá um grau extremamente alto de confiança política entre os EUA e a China”, disse ele. “Isso simplesmente não existe, e é improvável que se desenvolva sob uma administração americana focada em transações comerciais.”

Ao ser questionado sobre o acordo comercial fechado com Xi na Coreia do Sul, o presidente dos EUA disse que sempre pensou que “se pudermos fazer acordos que sejam bons, é melhor nos darmos bem com a China do que não”.

“Acho que é importante que a China e os EUA se deem bem, e nos damos muito bem no mais alto nível”, acrescentou.

Ao ser perguntado se permitiria que a Nvidia vendesse seus semicondutores mais avançados para a China, Trump disse: “Não. Não, não faremos isso.” Os EUA “deixarão que eles negociem com a Nvidia, mas não em termos dos chips mais avançados”.