O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que “tresloucados brasileiros” supostamente tentaram “ameaçar ou intimidar” autoridades brasileiras na ação da suposta tentativa de golpe de Estado que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele pode ser um dos próximos alvos de sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já mirou outros brasileiros como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a Lei Magnitsky.

Andrei Rodrigues comanda a Polícia Federal desde o início deste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e adotou um tom ora mais incisivo e ora mais moderado ao longo dos últimos dois anos e meio ao comentar as investigações dos atos de 8 de janeiro de 2023, que a autoridade afirma terem sido o ápice da alegada tentativa de golpe.

“Esse é um momento que há de passar, de um outro país achar que pode intervir em questões internas do Brasil. Ou de tresloucados brasileiros que viajam para o exterior acreditando que irão ameaçar ou intimidar e que com isso irão fazer com que a gente deixe de cumprir nosso papel”, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta sexta (3).

A intervenção em questões internas do Brasil a que ele se refere se dá pelas sanções impostas ao país por Donald Trump, como o tarifaço de 50% sobre as importações brasileiras que, segundo comunicado, também foi motivado pelo julgamento de Bolsonaro – classificado pelo mandatário norte-americano como uma “caça às bruxas”.

As investigações que levaram à suposta constatação de que Bolsonaro teria liderado o plano se basearam principalmente na delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid. Isso levou a fortes críticas, o que Andrei Rodrigues contesta.

“Antes da delação vêm as câmeras de segurança, e depois se vê pelas estações de rádio-base que essa pessoa sai do Palácio do Planalto e vai para o Palácio da Alvorada. A isso se soma, sim, a delação premiada do ajudante de ordens, que diz que no dia tal houve uma reunião. E assim se fecha uma prova”, pontuou.

A suposta tentativa de ameaça ou intimidação que Andrei Rodrigues afirma teria sido feita pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo jornalista Paulo Figueiredo, que estão nos Estados Unidos em conversas com autoridades norte-americanas. Ao viajar para o país em meados do primeiro semestre, o parlamentar afirmou que trabalharia pela defesa do pai no processo.

Por causa disso, ambos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta coação no curso do processo e, nesta quinta (2), Moraes pediu ao órgão uma manifestação sobre um pedido de prisão preventiva de Eduardo protocolado pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Para Lindbergh e Talíria, a prisão preventiva é necessária “para garantia da ordem pública, da ordem econômica, da instrução criminal e da aplicação da lei penal, diante da permanência das manifestações golpistas e intensificação da atuação ilícita em território estrangeiro”.