O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli negou o recurso apresentado pelo Banco Central (BC) que buscava esclarecer as condições para a participação do diretor de Fiscalização da autoridade monetária, Ailton de Aquino, na acareação no caso do Banco Master com os investigados Daniel Vorcaro, CEO do Banco Master, e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB.
O ministro reforçou que nem o Banco Central nem o diretor são investigados no caso. A acareação está mantida para o dia 30, terça-feira.
Na decisão, deste sábado (27), Toffoli afirma não conhecer o recurso apresentado pelo Banco Central e reitera que nem a autoridade monetária nem o diretor são investigados e, portanto, não são “sujeitos às medidas já determinadas nos presentes autos”. Por essa razão, o ministro também não esclarece em que condição o diretor participará da acareação, conforme solicitado pelo BC.
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“Ressalto, ademais, que o objeto da investigação cinge-se à apuração das tratativas que orbitaram a cessão de títulos entre instituições financeiras — sob o escrutínio da autoridade monetária, conforme disposição legal. É salutar a atuação da autoridade reguladora nacional e sua participação nos depoimentos e acareações entre os investigados”, disse Toffoli.
O ministro afirmou que, como os fatos investigados têm impacto relevante sobre o sistema financeiro brasileiro, está justificada a urgência na realização dos depoimentos, em conjunto com a análise dos documentos já reunidos no processo. Ele também manteve o sigilo sobre o caso.
“Dessa forma, determino a realização dos atos tal como já explicitados em despachos anteriores, sob a condução da autoridade policial competente, com organização pelo juiz auxiliar deste gabinete. Mantenho o sigilo dos autos diante da necessidade do regular prosseguimento das investigações, a cargo da Polícia Federal”, completou Toffoli.
Fontes da autoridade monetária afirmam que, embora o ministro tenha negado no mérito, ele esclareceu que o diretor não é investigado no processo nem testemunha. Assim, consideram que a decisão foi positiva, dadas as circunstâncias.
Como revelou o Valor, o Banco Central decidiu entrar com embargo de declaração para esclarecer em quais condições Aílton participará da acareação: se como testemunha, acusado ou pessoa ofendida. Toffoli impôs sigilo a todo o processo do Master, incluindo a decisão que convocou o diretor para comparecer à audiência.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a pedir o adiamento da audiência, mas o pedido foi negado por Toffoli.
Especialistas apontam que a decisão de Toffoli é inusitada e, além disso, acaba por colocar na mesma condição fiscalizador e fiscalizados.
Também afirmam que, mesmo em decisões sigilosas, é comum que o magistrado diga em qual condição o convocado vai comparecer à audiência de acareação, bem como se poderá ou não ser acompanhado de um advogado.
O BC tem autonomia operacional garantida por lei. Integrantes da autoridade monetária avaliaram que há uma tentativa de intimidação do Judiciário ao órgão, que liquidou o Banco Master após identificar fraudes financeiras e transferências fraudulentas de carteiras ao BRB. Vorcaro chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas foi solto semanas depois pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
A acareação é um procedimento utilizado em investigações policiais e processos judiciais para confrontar versões diferentes dos fatos apresentadas por pessoas. O objetivo é esclarecer as contradições e ajudar na apuração ou na formação de provas.
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