A Câmara dos Deputados ouve, nesta quarta-feira (24), um depoimento de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele deve apresentar novas acusações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), referentes ao período em que integrou a Assessoria Especial de Combate à Desinformação.

Tagliaferro será ouvido em uma audiência marcada para as 16h na Subcomissão Especial sobre o Combate à Censura, que é subordinada à Comissão de Comunicação. Esta é a terceira vez em pouco tempo que Tagliaferro é ouvido pelos parlamentares. Desta vez, atende a uma convocação do deputado Gustavo Gayer (PL-GO).

Na mesma reunião, estão previstos requerimentos de informações ao governo federal sobre o pedido do Ministério Público Federal para o cancelamento da concessão da Rádio Jovem Pan e sobre a possibilidade de cassação de outorga de radiodifusão. Para o parlamentar, as tentativas de cancelamento das outorgas têm “motivação política”.

No pedido apresentado à Justiça para cancelar o sinal da Jovem Pan, o Ministério Público Federal (MPF) vinculou a empresa ao vandalismo do 8 de janeiro de 2023 e recorreu ao Código Brasileiro de Telecomunicações, editado no início da ditadura militar, para dizer que a emissora “incitou a desobediência às leis”.

Senado já ouviu Tagliaferro

O ex-assessor já levou ao Senado documentos que, segundo ele, “comprovam irregularidades extremamente graves” no gabinete do ministro. Em audiência na Comissão de Segurança Pública, Tagliaferro afirmou que foi procurado pelo juiz instrutor Airton Vieira para confeccionar relatórios e mapas mentais de forma retroativa, com o objetivo de justificar a operação da Polícia Federal que mirou empresários apoiadores de Jair Bolsonaro em 2022, entre eles Luciano Hang e Afrânio Barreira Filho.

Pouco depois dessas revelações, a Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou Tagliaferro por peculato e organização criminosa, acusando-o de participar de um esquema para desviar valores de heranças e bens de idosos incapazes. A defesa dele nega as acusações e afirma que a denúncia pode representar retaliação por suas declarações contra Moraes no Congresso.