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Rua Amauri volta ao mapa do mercado imobiliário paulistano | Imóveis de Valor

Nos anos 2000, tudo acontecia ali: festas badaladas, jantares poderosos e eventos que reuniam empresários, celebridades e supermodelos. Com pouco mais de 300 metros de extensão, a Rua Amauri, no Itaim, era o epicentro do glamour paulistano daquela época.

Mas a década seguinte não seguiu no mesmo ritmo. A cidade ganhou novos “hotspots” de entretenimento, e a rua foi perdendo o brilho original. Em 2026, contudo, o endereço deve recuperar o charme de outrora, mas em versão mais discreta e elegante — sobretudo, por conta dos novos investimentos imobiliários.

No início do ano novo, entra em operação o Amauri 306, edifício corporativo da incorporadora Idea!Zarvos, com 24 lajes de 305 a 610 metros quadrados e assinatura do arquiteto Isay Weinfeld, com paisagismo de Rodrigo Oliveira.

“É um local muito importante para a cidade, e pensamos em um prédio com tamanho adequado para atrair clientes em busca de exclusividade”, afirma Otavio Zarvos, sócio-fundador da Idea!Zarvos.

Segundo ele, o “briefing” inicial do projeto tinha uma condição: preservar a Praça da Amauri, vizinha ao empreendimento. “O espaço foi criado pelo próprio Isay, em 2003, e focamos em protegê-lo e ampliá-lo”, diz. Dito e feito: o ambiente permanece, bem como a Casa Bola, do arquiteto Eduardo Longo, em porção destacada no terreno.

No Amauri 306, arquiteto Isay Weinfeld projetou fachada sem vidros espelhados e com área comercial no térreo — Foto: IDEA!ZARVOS/DIVULGAÇÃO

Outro pedido do incorporador: levar mais inovação à paisagem da região da Faria Lima, sem uso de prédio espelhado e átrio grandioso para receber as pessoas. “Nosso edifício tem pureza de design, com uma estrutura externa na fachada feita em concreto e tons terrosos, hall de entrada com pé-direito tradicional e sem materiais luxuosos. Tudo muito simples, mas com muita força e elegância”, descreve Isay Weinfeld, cujo histórico na rua inclui a praça pública, o restaurante Forneria San Paolo e todo o urbanismo da via, incluindo o aterramento da fiação elétrica, as calçadas ampliadas e o mobiliário para pedestres.

No embasamento do Amauri 306, estão previstos três restaurantes: Lilu, Charco e Forneria, fundado pelos empresários João Paulo Diniz (falecido) e Edsá Sampaio em 2001, que foi fechado na pandemia e será reaberto. Seu retorno se dará pelas mãos de Gabriel Carvalho, CEO do Heat Group e sócio do bem sucedido Bottega Bernacca. “É uma rua tradicional de restaurantes, muito bem cuidada e charmosa, que conecta sua atmosfera mais intimista com o universo pujante da Faria Lima. Isso gera uma potência para experiências de alta qualidade gastronômica”, afirma Carvalho.

A vocação culinária será reforçada também pelo regresso de outro ícone: o restaurante Ecco, que será reaberto ao público oficialmente em janeiro. Todos eles se juntarão a outra mesa estrelada: o Parigi, do Grupo Fasano, que segue em operação na rua desde o fim dos anos 1990.

Destino tradicional da gastronomia paulistana, a Rua Amauri abriga restaurantes tradicionais, como o Parigi, e, no próximo ano, voltará a ser endereço do Ecco e do Forneria, que reabrirão suas portas — Foto: PARIGI/DIVULGAÇÃO

É exatamente em cima do Parigi que funciona o edifício Metropolitan Office. Com 16 andares e associado à torre Platinum Office, na rua de trás, ele pertence à gestora RBR Asset Management, que comprou o conjunto há dois anos por mais de R$ 610 milhões. Atualmente, está 100% ocupado, com lista de espera para locação e valor recorde de aluguel por metro quadrado comercial na cidade: em torno de R$ 400.

“É um ativo difícil de replicar: está na rua com a melhor localização de São Paulo, entre o Itaim e o Jardim Europa, com heliponto no topo e um restaurante cinco estrelas no térreo”, afirma Guilherme Bueno Netto, sócio-fundador da RBR Asset, cuja carteira soma cerca de R$ 11,5 bilhões sob gestão. Além disso, destaca ele, o empreendimento tem lajes menores, de 250 a 800 metros quadrados, o que atraiu empresas de alto valor agregado e poucos funcionários, como “family offices” e gestoras de fundos de investimento.

Para o ano que vem, o mercado aguarda ainda o anúncio da destinação de um terreno de três mil metros quadrados recém-formado na via, que pertenceria à gestora Catuai Asset. Especula-se que ali será o futuro endereço da marca hoteleira Four Seasons, em uma volta à cidade após deixar o país em 2020. Caso seja confirmado, o fato deverá aumentar ainda mais os preços dos imóveis comerciais na Rua Amauri.

Com 100% de ocupação, o Metropolitan Office é o corporativo-butique com maior valor mensal de locação por metro quadrado — Foto: RBR ASSET/DIVULGAÇÃO

“Os espaços disponíveis hoje já têm valor de locação por metro quadrado na faixa dos R$ 300 mensais, acima da média geral da cidade para o segmento butique, reforçando o caráter exclusivo e consolidado da localidade”, afirma Ygor Chrispin, gerente de Escritórios e Serviços a Ocupantes da Colliers Brasil.

De acordo com o executivo, o endereço combina estoque limitado, valores elevados, demanda seletiva e potencial restrito de crescimento físico, por conta do zoneamento diferente em dois trechos da rua. “Esse conjunto de fatores reforça a posição da Rua Amauri como um micromercado ultraespecializado dentro do Itaim Bibi”, explica.

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