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Quem é o senador Weverton, alvo de suspeitas na CPMI do INSS

O senador Weverton Rocha (PDT-MA), uma das principais lideranças políticas do Maranhão e nome influente no Congresso, passou a ser citado na CPMI do INSS em razão de vínculos com assessores, aliados e operadores investigados por fraudes milionárias em benefícios sociais. 

Embora não seja investigado, o parlamentar enfrenta pressão crescente para explicar encontros com personagens centrais do esquema e indicações para cargos estratégicos no INSS, enquanto tenta preservar a trajetória política marcada pela defesa de pautas sociais e trabalhistas.

Um dos pontos que chamaram atenção da comissão foi o envolvimento de seu ex-assessor Gustavo Marques Gaspar, que é citado como suposto elo entre o senador e o núcleo operacional do esquema. Segundo informações publicadas pelo portal Metrópoles, Gaspar chegou a conceder uma procuração ao consultor Rubens Oliveira Costa, conhecido como “homem da mala”, o que levantou suspeitas sobre a relação entre o grupo político de Weverton e os operadores financeiros investigados.

A assessoria de imprensa do senador Rocha negou irregularidades e disse que ele não tem relação profissional com Gaspar.

Durante o depoimento ao colegiado, na segunda-feira (22), Rubens afirmou que manteve encontros com Gustavo Gaspar durante a investigação, mas evitou detalhar se houve uso da empresa para pagamento de propina ou repasses ilícitos ligados ao senador. 

O próprio senador admitiu ter recebido em seu gabinete no Senado, e também em sua residência, o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”. A justificativa inicial foi que os encontros tratavam de temas relacionados ao setor de cannabis, área de atuação de Antunes. A revelação aumentou a pressão para que Weverton dê explicações formais à comissão.

Diante do avanço das investigações, parlamentares apresentaram requerimentos de convocação para que o senador preste depoimento. Um dos que defenderam a medida foi o deputado Kim Kataguiri (União-SP), que afirmou existir indícios de “blindagem política” ao grupo envolvido nas fraudes. Até o momento, não houve indiciamento formal contra Weverton Rocha.

“As apurações conduzidas por esta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito acerca das fraudes bilionárias em descontos associativos em benefícios do INSS vêm revelando não apenas a atuação de entidades de fachada e sindicatos fraudulentos, mas também a existência de possíveis vínculos políticos que garantiram sobrevida e blindagem ao esquema criminoso”, disse o deputado paulista.

Em nota enviada à imprensa, Weverton afirmou que a nomeação de Gustavo Gaspar ocorreu por motivo “estritamente político” e que desde 2023 não mantém contato com o empresário. 

“O empresário Gustavo Marques Gaspar exerceu a função de assessor parlamentar entre 2019 e 2023, como centenas de outros profissionais que já passaram por gabinetes parlamentares ao longo da trajetória política do senador. Sua nomeação teve caráter estritamente político e, conforme noticiado à época de sua exoneração, não passou disso. Desde 2023, o senador não mantém qualquer relação profissional com Gustavo Gaspar”, afirmou o senador.

Relações sob suspeita ampliam pressão sobre o senador

Além de Gustavo Gaspar, outros aliados próximos a Weverton Rocha passaram a ser alvo da CPMI do INSS. Entre eles está um secretário municipal de Presidente Dutra (MA), citado em requerimentos de quebra de sigilo apresentados pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP). O parlamentar justificou o pedido apontando que o secretário teria recebido R$ 100 mil do “Careca do INSS”.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que a transação ocorreu em julho de 2024 e estaria ligada à compra de um jet ski. O prefeito de Presidente Dutra, Raimundinho da Audiolar (MDB), confirmou a operação, mas disse não saber quem era o verdadeiro dono da moto aquática. “Pelo que conversei com ele, ele disse que foi um jet ski que ele repassou”, afirmou.

Outro ponto de destaque nas investigações foi a indicação de André Fidelis para a Diretoria de Benefícios do INSS. Em depoimento à CPMI, em 8 de setembro, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) reconheceu que a indicação foi feita por Weverton.

“Ele [Fidelis] foi nomeado por indicação de um senador [Weverton Rocha], mas quem encaminhou a indicação fui eu”, disse Lupi aos parlamentares.

Fidelis assinou convênios com entidades que realizaram descontos de pelo menos R$ 142 milhões em benefícios, e é suspeito de ter recebido ao menos R$ 5,1 milhões por meio do escritório de advocacia de seu filho, Eric Douglas. Segundo documentos, parte dos valores teria vindo de empresas intermediárias ligadas às associações envolvidas no esquema.

Indagado sobre o assunto, o senador negou qualquer irregularidade e afirmou que apoiou a indicação de Fidelis por conta de seu currículo. 

“O nome André Fidélis chegou a mim com um bom currículo dentro da Previdência e por isso fiz o apoiamento. Não tenho uma relação anterior nem posterior com ele, que não é uma indicação minha, tanto que ao deixar o cargo não indiquei o substituto dele.

A comissão também destacou a ligação entre Weverton e Milton Salvador, apontado pela Polícia Federal como sucessor de Rubens Oliveira Costa na função de operador financeiro do grupo ligado ao “Careca do INSS”. 

Milton prestou depoimento em 18 de setembro, acompanhado do advogado Antônio Malva Neto, ex-assessor do senador e ex-diretor do Ministério das Comunicações. Malva Neto foi exonerado em março, após negar a concessão de rádio e TV ao Partido dos Trabalhadores, mas sua presença reforçou a atenção da CPMI sobre a rede de relações políticas e profissionais em torno do senador.

Trajetória política

Weverton Rocha construiu sua carreira com forte atuação em causas sociais e trabalhistas. Nascido em Imperatriz (MA), em 8 de outubro de 1979, filho de uma professora e de um técnico agrícola, ele integrou desde cedo o movimento estudantil. Foi presidente de grêmio escolar, da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e também da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Aos 16 anos, filiou-se ao PDT. Ocupou a presidência da Juventude Socialista do partido e chegou a ser vice-presidente da UNE. Em 2000, ingressou na política institucional como assessor especial da Prefeitura de São Luís. Alguns anos depois, foi secretário estadual de Esporte e Juventude no governo de Jackson Lago, consolidando sua trajetória política.

Em 2010, foi eleito suplente de deputado federal, assumindo o mandato em 2012. Reeleito em 2014, tornou-se líder da bancada do PDT em 2016 e 2017, além de liderar a Minoria formada por partidos de oposição ao governo Michel Temer. Ficou marcado por posições contrárias ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, à PEC do Teto de Gastos e às reformas trabalhista e previdenciária. Em 2018, alcançou o Senado Federal com 1,99 milhão de votos, a maior votação já registrada para o cargo no Maranhão.

Senador nega envolvimento no escândalo do INSS

“O empresário Gustavo Marques Gaspar exerceu a função de assessor parlamentar entre 2019 e 2023, como centenas de outros profissionais que já passaram por gabinetes parlamentares ao longo da trajetória política do senador”, afirmou nota divulgada por sua assessoria.

“Sua nomeação teve caráter estritamente político e, conforme noticiado à época de sua exoneração, não passou disso. Desde 2023, o senador não mantém qualquer relação profissional com Gustavo Gaspar. A tentativa de vincular o nome do senador a fatos investigados é infundada e irresponsável e serão tomadas as medidas cabíveis para resguardar a honra, a imagem e a reputação do parlamentar”, diz o texto.

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