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Quem é María Corina Machado, ganhadora do Nobel da Paz

A líder de oposição ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, María Corina Machado, foi agraciada com o Nobel da Paz 2025 nesta sexta-feira (10) por sua luta incansável contra a repressão da ditadura chavista.

Machado se tornou símbolo de resistência em prol da democracia, da liberdade política e de expressão em um país afundado em uma crise institucional, social e econômica.

Nascida em Caracas em 7 de outubro de 1967, o pai da líder opositora, Henrique Machado, foi um importante empresário do setor metalúrgico, e as empresas da família foram expropriadas pelo regime chavista.

Engenheira industrial pela Universidade Católica Andrés Bello e diplomada em Finanças pelo Instituto de Estudos Superiores de Administração, Corina Machado foi professora universitária na área de Engenharia Industrial.

Desde a década de 1990, a primeira ganhadora do Prêmio Nobel na Venezuela começou a desempenhar um papel relevante em organizações da sociedade civil venezuelana. Em 1992, foi cofundadora, junto à sua mãe, da Fundação Atenea, que se dedica ao acolhimento e educação de crianças em situação de rua na Venezuela.

Alguns anos depois, dirigiu o Oportuninas – entre 1998 e 2002 – e apoiou programas de assistência a crianças em situação de pobreza extrema. Em 2002, cofundou a organização Súmate, dedicada à defesa de eleições livres e transparente e dos direitos políticos dos cidadãos.

Em 2010, Corina Machado renunciou à presidência da Súmate, que ficou conhecida por fiscalizar eleições na Venezuela, para disputar um cargo de deputada na Assembleia Nacional (Parlamento), sendo eleita pelo estado de Miranda com um número recorde de votos.

Em 2011, ela se apresentou como candidata nas primárias da plataforma opositora ao regime de Hugo Chávez Mesa da Unidade Democrática (MUD), votação que perdeu para Henrique Capriles em 2012. Nesse mesmo ano fundou o partido Vente Venezuela (VV).

Desde esse período, Machado se tornou uma resistente opositora a Chávez. Um episódio marcante da então deputada ocorreu em 2012, quando interrompeu um discurso do ditador com a seguinte frase: “expropiar é roubar”.

Em 2014, quando o pupilo de Chávez, Nicolás Maduro, assumiu o poder com sua morte, Machado liderou ao lado de Leopoldo López e Antonio Ledezma uma campanha denominada “La Salida”, que convocou os venezuelanos a participarem de manifestações para derrubar o regime chavista.

Em março daquele ano, Corina Machado foi destituída como deputada, quando o presidente da Câmara naquele momento, o chavista Diosdado Cabello, acusou a opositora de “violar a Constituição”. Também foi acusada de “instigar ataques violentos” durante os protestos antigovernamentais naquele período. Ela foi proibida de deixar o país e, em 2015, foi inabilitada para cargos públicos pela Controladoria Geral de Venezuela por um ano por supostas irregularidades fiscais.

Em 2023, Corina Machado anunciou sua candidatura à presidência da Venezuela, mas teve a inscrição barrada pelo regime. Além disso, a Controladoria Geral elevou sua inabilitação para 15 anos, decisão amplamente condenada pela comunidade internacional.

Ela, mesmo assim, participou e venceu as primárias da oposição, com 92,3% dos votos. O Judiciário venezuelano então considerou “nula” a votação, poucos dias depois.

Machado cedeu seu lugar à historiadora Corina Yoris, mas ela não pôde inscrever a candidatura por “impedimentos” das autoridades eleitorais aliadas da ditadura de Maduro.

A Plataforma Unitária Democrática (PUD), principal coalizão antichavista, optou então por apresentar o diplomata Edmundo González Urrutia, que foi respaldado por Corina Machado. Ele então concorreu como candidato presidencial da oposição nas eleições de 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), porém, proclamou Nicolás Maduro como vencedor das eleições de fachada, anúncio que foi amplamente questionado dentro e fora do país.

Desde então, Machado lidera manifestações na Venezuela, apesar de se manter distante dos holofotes após ser raptada por forças do regime. Todo esse esforço em prol da democracia foi acompanhando pelo comitê do Nobel, que justificou a premiação dizendo que ele era justo “por seu incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”

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