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por que alívio deve vir só em 2026?

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O aperto no bolso das famílias e no cofre das empresas vai continuar, pelo menos, até o próximo ano. O custo do dinheiro vai permanecer nas alturas. A taxa média de juro cobrada das pessoas físicas com recursos livres em julho era de 57,7% ao ano e das empresas, de 25% ao ano.

Uma das razões é que a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, atua como um torniquete, sufocando o crescimento e adiando qualquer perspectiva de alívio significativo para, pelo menos, até o final do ano. Os diretores do Banco Central devem manter a taxa neste patamar na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que se encerra nesta quarta (17).

Analistas apontam que esta situação não é acidental, mas resultado de uma complexa teia de fatores que explicam por que o custo do dinheiro continua proibitivo no Brasil.

Um recuo nas taxas para os consumidores e as famílias só deve vir em 2026, aponta o planejador financeiro Diego Endrigo. Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, acredita que o cenário dos juros para as empresas e famílias só deve ser melhor em 2027, considerando uma agenda econômica positiva em termos de reformas e redução de risco fiscal.

O que mantém os juros e a taxa Selic nas alturas?

Três fatores principais pesam para a manutenção desses juros em níveis tão elevados: as pressões inflacionárias; a volatilidade externa e o risco-país; e os custos intrínsecos ao sistema de crédito nacional.

Pressão inflacionária e expectativas de mercado

Um dos principais fatores que pesam é a pressão inflacionária. Apesar de ter fechado em agosto em 5,13% em 12 meses, o menor nível desde fevereiro, ela ainda está bem distante do teto da meta, que é de 4,5%.

Outro problema são as expectativas do mercado financeiro para a inflação. No último boletim Focus, a projeção para o IPCA deste ano é de 4,83%. Mesmo ter recuado ligeiramente, ainda permanece próximo ao limite superior da meta oficial de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

A XP Investimentos observa que, independentemente da melhoria recente, a inflação ainda está bem acima da meta, e a tarefa de reequilibrar a economia está longe de ser concluída.

Cenário externo e aumento no risco-país

O risco-país, a instabilidade do câmbio e um cenário internacional incerto afetam diretamente o custo de captação dos bancos e o prêmio de risco exigido.

O Copom reconhece que o cenário externo, marcado por tarifas comerciais impostas pelos EUA, adiciona volatilidade e eleva os riscos inflacionários. O Bradesco mantém sua expectativa para o câmbio em R$ 5,50.

As tarifas comerciais de 50% impostas pelos EUA resultaram em queda de 18,5% nas exportações para os americanos em agosto de 2025. Somando-se a esse quadro adverso, a possibilidade da aplicação da Lei Magnitsky americana sobre instituições financeiras brasileiras adiciona nova camada de incerteza.

Externamente, a estabilidade cambial e um cenário internacional menos volátil favorecem os cortes de juros, mas choques externos podem adiá-los indefinidamente.

Os custos do crédito e o spread bancário

A Selic é apenas a ponta do iceberg dos juros altos. Sobre ela, há uma “camada extra” de custos que engordam os juros cobrados de famílias e empresas, como os spreads bancários, o prêmio por risco de crédito, os custos operacionais e as regras prudenciais.

Esses componentes são cruciais e fazem com que uma eventual queda da Selic não se traduza de forma automática em uma redução equivalente das taxas que chegam ao público.

As margens de lucro dos bancos e o nível de inadimplência também são determinantes para os juros finais. Atualmente, ela está em níveis recordes: são 7,8 milhões de empresas e 78,2 milhões de consumidores negativados, segundo os dados mais recentes, de junho e julho, respectivamente.

Se houver expectativa de aumento de risco ou de inadimplência, as instituições financeiras podem manter as taxas de juro mais elevadas, mesmo com redução na taxa Selic.

Quando os juros começam a cair no Brasil?

As projeções do mercado são unânimes: os juros devem permanecer elevados pelo menos até o final de 2025, com o início de um ciclo de cortes da Selic apenas a partir de janeiro de 2026. A mudança de rumo depende de gatilhos como a convergência das expectativas da inflação à meta e sinais de desaceleração mais acentuada do PIB e do emprego.

A atividade econômica vem mostrando sinais mistos. Duas das prévias do PIB mostraram queda em julho: o Monitor do PIB (FGV) encolheu 0,6% e o IBC-Br (BC) caiu 0,5%. Em contrapartida, a taxa de desemprego caiu em julho ao menor nível da história: 5,6%.

Segundo Luiz Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o mercado de trabalho no Brasil está aquecido e dinâmico. Ele avalia que este deve permanecer como um vetor positivo para a atividade econômica em 2025, com a possibilidade de que patamares mais próximos de 5% possam ser atingidos no último trimestre.

Contudo, a força do mercado de trabalho, por si só, não é suficiente para garantir a queda dos juros. A sustentabilidade desse cenário e a confiança dos investidores dependem de um pilar fundamental: a melhora nas contas públicas, que ajudaria a reduzir o prêmio de risco do país.

As consequências dos juros altos para empresas e consumidores

As consequências para a economia real são severas. Para os consumidores, produtos como cartão de crédito e empréstimos pessoais ficam mais caros, sobrecarregando o orçamento familiar. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) já reduziu a previsão de crescimento do consumo das famílias para 2,3% em 2025, menos da metade da expansão de 4,8% em 2024.

Para as empresas, os desafios não são menores. Juros altos encarecem o custo de capital de giro e a rolagem de dívidas. Como consequência, o número de empresas em recuperação judicial atingiu recorde no primeiro semestre de 2025, com 4.965 companhias, segundo a RGF Associados. uma consultoria especializada em reestruturação corporativa.

A confiança empresarial despencou em agosto ao menor patamar desde a pandemia, e a intenção de investir recuou para o menor nível desde outubro de 2023, de acordo com a CNI.

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