A Polícia Federal afirmou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) não cometeu crimes de coação contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e obstrução de investigação ao fugir para a Itália. A conclusão consta no relatório final encaminhado nesta sexta-feira (19) ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão, à perda do mandato e ao pagamento de multa no valor de R$ 2 milhões em danos materiais e morais pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela nega qualquer irregularidade.
Em junho, logo após a parlamentar anunciar que havia saído do país, o ministro abriu um novo inquérito, apontando que a “evasão” de Zambelli do território nacional visava impedir o cumprimento da lei e da ordem de prisão expedida contra ela.
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Moraes determinou que a PF deveria monitorar e preservar o conteúdo das redes sociais vinculadas a ela. Para o ministro, a deputada poderia utilizar o “mesmo modus operandi” do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, para a “prática de condutas ilícitas”.
No entanto, a PF concluiu que o comportamento da deputada “não ultrapassou o campo da retórica”. Segundo o relatório, as “condutas identificadas restringiram-se a publicações em redes sociais e manifestações de caráter opinativo, notadamente em tom de aprovação a política de taxação norte-americana, sem qualquer repercussão prática sobre o curso de ações penais em trâmite no Brasil”.
“Apesar de Carla Zambelli ter externado, de forma reiterada, a intenção de deslocar-se para a Itália com a finalidade declarada de promover atos de obstrução de justiça similares aos supostamente praticados por Eduardo Bolsonaro, tal desígnio não se concretizou em ações efetivas”, diz um trecho do documento.
A delegada responsável pela investigação apontou que, “embora a intenção de frustrar a aplicação da lei penal tenha sido verbalizada”, o comportamento da parlamentar, “salvo melhor juízo, não ultrapassou o campo da retórica, inexistindo prova de efetivo êxito na adoção de expedientes, contatos, articulações ou providências aptas a comprometer o regular andamento de ação penal”.
A investigação confirmou que Zambelli usou contas de terceiros para continuar publicando, já que suas redes sociais pessoais foram bloqueadas por ordem judicial em 4 de junho de 2025. A deputada, que foi presa pela polícia italiana no dia 29 de julho, havia declarado que transferiria suas redes para sua mãe, Rita Zambelli.
Doações para zambelli também foram alvo da PF
A PF também analisou a campanha financeira de Zambelli que pedia doações via Pix. A investigação, focada em transações a partir de R$ 500, identificou 88 transferências no período entre 8 de maio e 5 de junho. Segundo a PF, as maiores doações foram no valor de R$ 5 mil, feitas por pessoas físicas e jurídicas.
O empresário Luciano Hang, dono da varejista Havan, teria doado R$ 5 mil no dia 20 de maio, de acordo com o relatório. A PF constatou que, entre os dias 8 e 24 de maio, Zambelli movimentou R$ 336 mil em suas contas bancárias.
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