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Petro anuncia plano para reescrever Constituição da Colômbia

O governo do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quinta-feira (23) a intenção de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para reformar a Constituição do país, em meio à crescente tensão diplomática com os Estados Unidos. O anúncio ocorre após o presidente americano, Donald Trump, suspender toda a ajuda financeira a Bogotá e chamar Petro de “bandido” e “cara mau”.

A proposta foi apresentada pelo ministro da Justiça, Eduardo Montealegre, durante uma visita oficial à China. Segundo ele, o objetivo da Constituinte é “construir as bases da transformação que a Colômbia necessita”. Montealegre explicou que a Constituinte seria composta por 71 delegados, divididos igualmente entre homens e mulheres, e que o projeto busca “impulsionar o programa social que a caverna não deixou o primeiro governo de esquerda da nossa história desenvolver”.

O governo colombiano afirma que o novo texto constitucional não pretende dissolver o Congresso nem anular compromissos internacionais, mas sim atualizar a Carta Magna em temas sociais e de direitos humanos. Petro pretende começar a coleta de assinaturas em apoio à convocação da Constituinte durante ato nesta sexta-feira (24), medida que seria o primeiro passo formal para submeter a proposta ao Congresso e à Corte Constitucional.

“A Constituinte será o espaço para pensar um novo país através da confrontação de argumentos, e não da violência que os senhores da guerra querem nos impor”, declarou Montealegre.

O anúncio vem no momento em que a Casa Branca intensifica as críticas ao presidente colombiano. A porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, disse que não há sinais de desescalada das tensões.

“Não creio que estejamos vendo uma desescalada por parte do líder desequilibrado da Colômbia neste momento, e não creio que o presidente [Trump], francamente, esteja interessado nisso neste momento”, afirmou Leavitt.

Trump confirmou nesta semana que cortou todos os pagamentos à Colômbia, acusando Petro de “fabricar muitas drogas” e “não combater o narcotráfico”.

Em resposta, Petro acusou Trump de tentar interferir nas eleições colombianas de 2026.

“A magnitude do insulto de Trump à Colômbia e a mim mesmo já não tem o objetivo de alcançar uma estratégia eficaz antidrogas, mas sim afetar as eleições da Colômbia no próximo ano”, afirmou o presidente em sua conta na rede X. Ele também acusou os Estados Unidos de cometerem “execuções extrajudiciais” durante as operações navais.

Iniciativa criticada

O projeto para convocar a Assembleia Nacional Constituinte não foi bem recebido por vários setores do país, que criticam tanto a iniciativa em si quanto o momento escolhido – a apenas cinco meses das eleições legislativas de março de 2026 e sete das presidenciais em maio.

“Brincar com uma Constituinte a poucos meses de uma eleição presidencial é incendiar a democracia com fósforos eleitorais”, afirmou o candidato à presidência Juan Manuel Galán na rede social X. Ele acrescentou que “convocá-la agora não só é inviável, como é uma imprudência monumental”.

O ex-presidente Andrés Pastrana também se manifestou, dizendo que a proposta “é inconstitucional, inconveniente, desnecessária e é apenas mais uma cortina de fumaça do governo” para esconder seus problemas.

Já o pré-candidato presidencial de direita Juan Carlos Pinzón foi ainda mais incisivo. Segundo ele, Petro recorre à Constituinte “poucos meses antes de deixar o cargo, e isso não resolve nada, prejudica os empregos e os investimentos, cria tensão e agitação social e gera mais caos e incerteza no país”.

“Em qualquer outro momento, seria mais uma palhaçada, mas hoje ele busca permanecer no poder ou impor o narcocomunismo à la Maduro. É o de sempre com Petro – ele põe de lado os colombianos para se beneficiar. Nem o país vai aceitar isso, nem o Congresso deve permitir”, completou Pinzón.

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