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Oposição tenta organizar reação após virada governista na CPMI do INSS

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A rejeição, nesta quinta-feira (16), do pedido de convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcou uma virada da bancada governista na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS. A oposição agora tenta organizar uma reação baseada em pressão popular e negociações com o Centrão.

O início da CPMI em agosto havia sido marcado por derrotas do governo, que não conseguiu emplacar nomes para a presidência e para a relatoria da comissão, postos ocupados respectivamente pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG) e pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Enfrentando governistas desarticulados, parlamentares da oposição também conseguiram aprovar dezenas de pedidos de quebra de sigilo fiscal pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Mas recentemente a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva substituiu parlamentares e conseguiu articular a maioria dos votos da comissão, barrando sistematicamente os novos requerimentos dos oposicionistas. Membros da oposição que pediram para não ter os nomes revelados afirmaram suspeitar que a maioria foi obtida através de mudanças em parlamentares de partidos como o União Brasil, além da pressão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Oposição mira centrão para encontrar alternativa ao avanço governista na CPMI

Questionados sobre possíveis estratégias para conter o governo, parlamentares da oposição reconhecem que estão em menor número na CPMI, mas avaliam que as ações do governo contra convocações ao colegiado pode ter impactos na opinião pública. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) ressaltou que as derrotas enfrentadas pela oposição evidenciam que o governo está blindando aliados.

“O governo se articulou para negar o pedido de prisão do sr. Milton [Cavalo Batista, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas, o Sindnapi], que mentiu à comissão descaradamente. Isso tudo foi um trabalho para evitar a convocação do irmão do presidente Lula”, disse Marinho.

O deputado Marcel van Hatten (Novo-RS) avaliou que a pressão popular pode ser um fator diferencial na apreciação dos próximos requerimentos. “A opinião pública já identificou o tanto que esse roubo afetou os aposentados. Mas, por outro lado, nós precisamos fazer com que esse debate, que está muito forte na sociedade, chegue também aos parlamentares, aos deputados e senadores e aos partidos que eles representam”, disse.

Ele disse que a oposição precisa se organizar com o centrão. “O União Brasil tem o relator. Temos o presidente, que é do Podemos. Então, são dois partidos que, ao mesmo tempo que estão na base do governo, também têm dados sinais de que estão saindo. Precisamos agora reorganizar isso, sem dúvida nenhuma, e à luz desse novo momento que o centrão está passando relacionado ao governo Lula, fazer com que votem junto com a oposição”, disse Van Hatten se referindo à saída do União e do PP do governo e a redistribuição de cargos e ministérios.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) seguiu na mesma linha de Van Hatten e afirmou que o diálogo com partidos do centrão pode ser a alternativa. “É uma forma de articular, como a gente fez na eleição da Presidência [da CPMI]. Mas hoje eles [os governistas] acordaram. Colocaram muita gente, fizeram substituições”.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) avaliou que a população está atenta ao que governo está fazendo. “Eles [os aposentados] estão vendo. Por exemplo, agora, quando a gente começou a mostrar o painel [de votação], a revolta é geral da população. Vamos continuar insistindo. Por que não recolocar outro requerimento, daqui a algum tempo, para trazer o irmão do Lula aqui e outros que a gente está cruzando dados de quebra de sigilo?”, questionou.

Especialistas veem razões da virada governista e chances para a oposição

O cientista político Ismael Almeida acredita que o aparente controle tomado pelo governo do colegiado pode estar revelando mais o efeito do amparo do Supremo Tribunal Federal (STF) do que desempenho da oposição. “O grupo de decisões da Corte acabou limitando a atuação da comissão”, diz.

Para o professor de ciências políticas Paulo Kramer, o sucesso da maioria governista em neutralizar requerimentos de pessoas ligadas à gestão Lupi na Previdência e a líderes da esquerda cobra reorganização da oposição para voltar a derrotar o governo. “Ela já foi capaz disso e ainda pode”, diz.

Já na visão do professor de ciências políticas Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a virada governista na CPMI ainda tem desfecho incerto. “A oposição perdeu tração, mas tudo depende do impacto político e midiático que a CPMI terá sobre Lula, ministros e congressistas”, pontua.

Clima de campanha eleitoral dita força-tarefa do governo contra oposição

O duro embate na CPMI tem dado o tom da batalha eleitoral de 2026, aberta pela campanha antecipada de Lula pela reeleição. O governo busca controlar danos e evitar vínculos com os denunciados, enquanto a oposição busca evidenciar o salto explosivo dos desvios no atual mandato do petista.

No embalo de acusações sobre crimes operados em sindicatos, na maioria de esquerda, a oposição tenta mostrar não só o enriquecimento ilícito dos fraudadores, mas também que esquemas tinham como finalidade financiar o caixa paralelo de campanhas eleitorais, com os recursos desviados.

Em paralelo, o governo adota medidas administrativas para eximir aliados, deslocando prejuízos para o INSS, leia-se Tesouro da União, de modo que o custo recaia sobre o contribuinte. Essa estratégia auxilia a diminuir focos de exposição direta, mas ainda está longe de eliminar tensões com a CPMI.

Neste esforço para ocultar responsabilidades, o governo, a Advocacia-Geral da União (CGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) defenderam no Supremo Tribunal Federal (STF) a legalidade de descontos associativos feitos diretamente nos benefícios do INSS, vistos como brecha para as fraudes.

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