A organização Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos denunciou nesta terça-feira (7) que membros de grupos identificados como “coletivos” chavistas agrediram, ameaçaram e intimidaram participantes de uma missa celebrada no último domingo (5) em Caracas. O ato religioso, realizado na Capela San Antonio, tinha como objetivo rezar pela libertação de presos políticos e homenagear os beatos venezuelanos José Gregorio Hernández e Carmen Rendiles.
De acordo com a nota pública divulgada pelo Comitê, “desde o início, ao menos dez pessoas, algumas vestindo roupas com slogans chavistas, se aproximaram com tom ameaçador, nos agrediram verbal e fisicamente, proferiram ameaças de encarceramento arbitrário e afirmaram ter respaldo de uma suposta autoridade municipal para impedir a cerimônia”. O grupo exigiu que o Ministério Público venezuelano, chefiado por Tarek William Saab – um aliado do ditador Nicolás Maduro, abra uma investigação sobre o ocorrido.
Após o término da missa, os mesmos agressores se dirigiram a uma praça, em frente a outra igreja, acompanhados por cerca de 20 motociclistas sem placas, também identificados como membros dos “coletivos”. Ali, segundo a ONG, prosseguiram com as ameaças e perseguições contra familiares e defensores dos presos políticos que se retiravam pacificamente.
“No local também havia crianças, idosos e cidadãos vulneráveis, igualmente vítimas do ambiente de violência, gritos e agressão psicológica”, denunciou a entidade.
Além dos participantes da cerimônia, profissionais de imprensa que cobriam o evento também foram alvos de intimidação.
“Jornalistas e trabalhadores de meios que documentavam a atividade foram increpados com interrogatórios ameaçantes, em um claro intento de intimidar e silenciar a imprensa livre”, informou o Comitê.
A organização afirma possuir “provas audiovisuais amplamente divulgadas em redes sociais e meios digitais”, onde é possível identificar os rostos e ações dos envolvidos. As imagens, segundo o texto, “mostram a presença de membros de grupos paramilitares, chamados ‘coletivos’, historicamente vinculados a fatos de repressão e violência política na Venezuela”.
O Comitê enfatizou que este não é um episódio isolado. Em agosto de 2024, mais de 50 mães de jovens detidos após os protestos eleitorais foram “brutalmente agredidas por coletivos armados” em frente ao Tribunal Supremo de Justiça, sem que as autoridades tenham identificado ou punido os responsáveis. “Temos sido reiteradamente ameaçados, perseguidos e vigiados por corpos de inteligência, inclusive em atos religiosos”, afirmou a nota.
A ONG sustenta que o Ministério Público tem “dever constitucional e legal de iniciar uma investigação de ofício”, citando os artigos 285 da Constituição venezuelana, 11 da Lei Orgânica do Ministério Público e 108 do Código Orgânico Processual Penal. O Comitê advertiu que a omissão do órgão “representaria uma violação flagrante de suas funções e fomentaria a impunidade”.
A entidade apelou à comunidade internacional e aos organismos de direitos humanos, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas, para que documentem “este novo fato de violência e intimidação contra vítimas da repressão”.
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