Os presidentes Donald Trump, dos EUA, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, devem se encontrar nesta sexta-feira (17) na Casa Branca para discutir novamente a guerra e a possível liberação americana dos mísseis de cruzeiro Tomahawk a Kiev. A liberação da arma, segundo a imprensa dos EUA, pode redefinir o curso do conflito no leste europeu ao ampliar o alcance das forças ucranianas contra alvos militares em território da Rússia.
De acordo com a agência Reuters e o jornal britânico The Guardian, os Tomahawk são mísseis de longo alcance capazes de atingir alvos a até 1.600 quilômetros de distância, voando a baixa altitude e com alta precisão. Atualmente fabricados pela empresa Raytheon, os modelos mais recentes – conhecidos como Block IV e Block V – podem ser lançados de navios, submarinos e plataformas terrestres. Cada unidade do míssil custa em média US$ 1,3 milhão e pode alterar o rumo de uma operação militar com um único disparo certeiro.
Segundo o The Guardian, “o fornecimento dos mísseis Tomahawk à Ucrânia ampliaria significativamente suas capacidades de ataque, permitindo atingir bases militares, centros de comando e aeroportos russos que hoje estão fora de alcance”. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) estima que centenas de alvos estratégicos da Rússia estariam dentro do raio de ação da arma.
O presidente Trump, no entanto, ainda não decidiu se vai liberar a arma para a Ucrânia. Em entrevista nesta semana, o líder americano afirmou que o ditador russo Vladimir Putin “não gostou” da ideia do envio dos Tomahawk à Ucrânia, acrescentando que “os Estados Unidos também precisam deles para sua própria segurança”. A Casa Branca não confirmou se a decisão de liberar o míssil para Ucrânia será anunciada após o encontro com Zelensky.
Moscou tem reagido de forma negativa a uma possível liberação do míssil para a Ucrânia. O chefe do Serviço de Espionagem Estrangeira da Rússia, Sergey Narishkin, declarou nesta quinta-feira (16) que o fornecimento da arma para Kiev seria visto como “um passo hostil”. Ele alertou que a decisão “aumentará significativamente os riscos de segurança, não apenas na Europa, mas em todo o mundo”. O Kremlin reforçou o aviso, afirmando que o envio dos Tomahawk marcaria “uma nova etapa de escalada”.
Para Kiev, no entanto, a transferência dos mísseis seria um divisor de águas. Segundo o The Guardian, a Ucrânia acredita que os Tomahawk poderiam obrigar Vladimir Putin a levar mais a sério os apelos de Trump por negociações diretas para acabar com a guerra. Zelensky considera que, com armas capazes de atingir Moscou, o Kremlin seria forçado a recuar em sua guerra de invasão.
Os Tomahawk são uma das armas mais testadas e confiáveis do arsenal americano. O Pentágono relata mais de 2.350 usos em combate desde 1991, quando foram empregados pela primeira vez na Guerra do Golfo. Desde então, o míssil participou de operações no Iraque, Líbia, Afeganistão e, mais recentemente, no Iêmen, em ataques realizados por Estados Unidos e Reino Unido contra posições dos rebeldes extremistas houthis.
Além do alcance, o diferencial do Tomahawk está na tecnologia de navegação. Segundo a fabricante, o modelo Block IV pode alterar o alvo em pleno voo e permanecer sobre uma área por horas, aguardando novos comandos. Já o Block V incorpora sistemas modernizados de comunicação e uma ogiva de múltiplos efeitos, capaz de atingir diferentes tipos de alvos.
Apesar do entusiasmo ucraniano, há desafios logísticos. A Ucrânia, segundo informações, ainda não possui navios ou submarinos capazes de lançar todas as versões dos Tomahawks, restando apenas a versão terrestre do míssil, conhecida como Typhon – ainda rara e produzida em quantidades limitadas. Mesmo assim, analistas afirmam que uma eventual autorização americana enviaria um sinal forte a Moscou de que a pressão militar e diplomática aumentará caso o Kremlin continue resistindo a uma trégua.
O encontro entre Trump e Zelensky ocorre um dia após o presidente americano conversar por telefone com Putin e concordar em realizar uma cúpula em Budapeste “nas próximas semanas”. O governo ucraniano aposta que o apoio de Washington – e o possível acesso ao Tomahawk – possa finalmente alterar o equilíbrio da guerra.
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