Em concessões rodoviárias, a companhia priorizará ativos premium em geografias estratégicas, com demanda impulsionada pela exposição a grandes centros urbanos, eixos logísticos relevantes e ao agronegócio. Já em metrôs, trens e VLTs, o interesse está em projetos em territórios onde a companhia já atua, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Com o reforço dos investimentos em inovação, a simplificação do portfólio e a continuidade do plano anual de eficiência, a Motiva reduziu o índice Opex (Caixa) sobre Receita Líquida para menos de 28% até 2035, ante a meta anterior de 35%, definindo um objetivo intermediário de 30% em 2030. A revisão da meta para baixo se beneficia da potencial antecipação em um ano dos objetivos traçados para 2026, alcançando já em 2025 uma razão inferior a 38%.

A companhia ainda prevê destravamento entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões por meio de reciclagem de capital, manutenção da alavancagem entre 2,5x e 3,5x e alcançar endividamento líquido zero para a holding.

“Ao longo dos últimos dois anos, a Motiva vem passando por um processo transformacional marcado por nova estratégia, nova cultura e novo desenho organizacional, em um movimento coroado pela mudança da nossa marca, em 2025. A atualização reforça esta evolução, com ênfase na criação de valor sustentável através de um crescimento mais focado e sinérgico e da aceleração da agenda de eficiência, potencializada por um maior investimento em inovação e tecnologia e pela simplificação do portfólio”, destacou Miguel Setas, CEO da Motiva.

Refletindo a conquista recente de ativos de grande qualidade, como PRVias e Rota Sorocabana (SP), e a otimização do portfólio, com a saída do negócio de Barcas (RJ) e a repactuação do contrato da MSVia (MS), a Motiva também reafirmou a sua previsão de crescimento ponderado do Ebitda ajustado até 2035. A companhia projeta uma expansão de, no mínimo, high single digit (um dígito alto) no período. Essa expectativa é ancorada pelo histórico recente de performance da organização. Na comparação entre o primeiro semestre de 2025 e igual período de 2023, a Motiva apurou uma alta ponderada de 10% do seu Ebitda ajustado, acima da meta da Ambição 2035.

Inovação como elemento central

A inovação se tornou a espinha dorsal da estratégia da Motiva a partir da criação de um plano diretor de tecnologia e uma governança para disseminar a cultura por toda a organização. A ideia do setor é reforçar nos negócios o uso de tecnologias de ponta, tais como IoT, sensorização, inteligência artificial (IA) e IA generativa, big data & analytics, automação, novos materiais e soluções para transição energética.

Essa mudança foi organizada em cinco domínios de atuação: excelência operacional, excelência em despesas de capital (Capex), smart cities e sustentabilidade, experiência do cliente e novos negócios. Para colocar o tema em prática, a Motiva conta com uma governança para avaliar a alocação de capital, definir prioridades e desenvolver os projetos. Neste contexto, foi criado o Comitê de Inovação, Digital e Inteligência Artificial, que irá selecionar as iniciativas e definir as prioridades de investimento. Já o Hub de Inovação e o Centro de Excelência (CoE) em IA Generativa reúnem 15 especialistas dedicados a apoiar os projetos internos.

Na frente de responsabilidade social, o Instituto Motiva anunciou a ampliação de investimentos em projetos de impacto de R$ 750 milhões para R$ 1 bilhão até 2035. A entidade lançou a sua nova marca, alinhada ao rebranding da organização, e uma nova estratégia de atuação, com foco em promover cidades sustentáveis por meio de soluções baseadas na natureza, redução de desigualdades e qualidade de vida.

Nesta nova abordagem, além da continuidade dos projetos de abrangência nacional, foram definidos 20 territórios em seis estados onde a Motiva está presente, os quais irão receber diagnósticos e planos de desenvolvimento baseados em escutas comunitárias. “Queremos unir forças e ser um agente articulador, mobilizando não apenas capital financeiro, mas também social e intelectual”, diz Renata Ruggiero, presidente do Instituto Motiva. “É nossa responsabilidade unificar esforços para aumentar o legado”.

Transição energética e adaptação

No campo da adaptação climática, a Motiva elaborou cerca de cinco mil planos para fortalecer a resiliência de rodovias, aeroportos, metrôs e trens diante do aumento da frequência de eventos climáticos extremos. A análise, baseada em cenários do IPCC até 2050, mapeou riscos físicos e de transição em mais de 4 mil quilômetros de rodovias, 120 estações de trens, metrôs e VLT e 17 terminais aeroportuários.

Entre as ações previstas estão reforço de drenagem, monitoramento de ativos e criação de áreas verdes. “Constatamos que a inação teria efeitos diretos sobre o negócio. Por isso, elaboramos os planos de adaptação, que agora passam por um processo de priorização para reforçar a resiliência climática e preparar nossa infraestrutura para o futuro”, disse Juliana Silva, diretora de Sustentabilidade da companhia, durante o evento.

Na frente da mitigação, a Motiva projeta uma redução de 55% das emissões de escopos 1 e 2 em 2025, resultado bem próximo da meta de 59% prevista pela Science Based Targets Initiative (SBTi) para 2033. Todos os ativos da empresa já operam com 100% de energia elétrica renovável e 92,4% da frota leve é abastecida com biocombustíveis, com meta de atingir 100% até o fim do ano.

A companhia também adquiriu 27 mil créditos de carbono da Reservas Votorantim, que irão compensar cerca de 9% das emissões de escopo 1 de 2025. O plano de transição para uma economia de baixo carbono inclui eletrificação da frota operacional, expansão do uso de biocombustíveis e modernização de sistemas de refrigeração em operações metroferroviárias.

Na agenda de biodiversidade, a Motiva anunciou o investimento de R$ 1 milhão na criação do seu primeiro corredor ecológico no Vale do Paraíba, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica. O projeto prevê recuperar 16 hectares de Mata Atlântica entre as bacias do Médio Tietê e do Médio Paraíba do Sul, com o plantio de 40 mil mudas de espécies nativas entre outubro de 2025 e março de 2026. A iniciativa tem potencial para capturar 9 mil toneladas de carbono até 2042, que serão usados para alcançar a meta de neutralidade até 2035.