Morreu nesta quarta-feira (1º), em Los Angeles, na Califórnia (EUA), a primatologista britânica Jane Goodall, ativista ambiental e referência mundial na pesquisa sobre chimpanzés. Ela tinha 91 anos e estava nos Estados Unidos em uma turnê de palestras quando faleceu por causas naturais, informou o Instituto Jane Goodall.
A organização destacou que “a vida e o trabalho da doutora Goodall deixaram uma marca indelével em nossa compreensão dos chimpanzés, de outras espécies, da humanidade e do ambiente que compartilhamos”.
Reconhecida desde os anos 1960 por suas descobertas no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia, Goodall documentou que chimpanzés fabricavam e utilizavam ferramentas, caçavam em grupo, tinham rituais e laços sociais complexos. O biólogo evolucionista Stephen Jay Gould chegou a classificar seu trabalho como “uma das grandes conquistas científicas do mundo ocidental”.
Nascida em Londres em 1934, Jane viajou jovem para a África e se aproximou do arqueólogo Louis Leakey, que a incentivou a liderar as observações em Gombe a partir de 1960. Em pouco tempo, seus registros ganharam notoriedade internacional com o apoio da revista National Geographic, tornando-se documentários, livros e programas de TV. Entre suas principais obras estão In the Shadow of Man (1971) e Through a Window (1990). Ela também fundou o Instituto Jane Goodall em 1977, presente em mais de 30 países, e criou o programa educacional Roots & Shoots, que hoje reúne jovens em iniciativas ambientais em mais de 70 nações.
Com o tempo, passou de cientista a ativista, denunciando o desmatamento, a caça e a exploração de animais em laboratórios. Nomeada Mensageira da Paz pela ONU em 2002, recebeu ainda o título de dama da Ordem do Império Britânico, a Medalha Hubbard da National Geographic e, em 2021, o Prêmio Templeton – concedido a personalidades que contribuem para o avanço espiritual e científico da humanidade. No início deste ano, ainda sob o governo de Joe Biden, foi agraciada com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil dos EUA.
Apesar do reconhecimento, também protagonizou declarações polêmicas. Em entrevista ao jornal espanhol El País em 2020, no auge da pandemia, citou os então presidentes Donald Trump (dos EUA) e Jair Bolsonaro (do Brasil) como adversários de suas bandeiras ambientais.
“Não vou deixar que sujeitos como Donald Trump e os Bolsonaros me atinjam e me façam me calar. Morrerei lutando, porque é o único que posso fazer”, afirmou na ocasião.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, se manifestou sobre a morte de Goodall, dizendo que estava “profundamente entristecido”. Ele destacou que a pesquisadora deixa “um legado extraordinário para a humanidade e para o planeta”. O Instituto Jane Goodall ressaltou que sua trajetória “inspirou curiosidade, esperança e compaixão em incontáveis pessoas ao redor do mundo”.
Goodall deixa um filho, três netos e uma irmã, Judith Goodall.
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