O conselho da empresa listada no Reino Unido havia rejeitado ofertas anteriores feitas no mês passado, mas mudou de ideia depois que a proposta chinesa foi aprimorada e outros grandes acionistas, incluindo BHP Billiton e Newmont, concordaram com a aquisição.

A Jiangxi já detém 12,2% das ações da SolGold, enquanto as outras duas mineradoras possuem 10,3% cada.

A oferta final foi de 28 pence (libras esterlinas) em dinheiro por ação da SolGold, avaliando todo o capital social emitido da empresa em 867 milhões de libras (US$ 1,2 bilhão). Isso representa um prêmio de 42,9% em relação ao preço de fechamento em 19 de novembro, imediatamente antes da Jiangxi fazer sua primeira oferta. O conselho da SolGold anunciou em 28 de novembro que rejeitou por unanimidade a oferta anterior de 26 pence por ação.

As ações da SolGold fecharam a 25,65 pence em Londres na véspera de Natal.

Espera-se que o negócio seja concluído durante o primeiro trimestre do próximo ano, após o cumprimento das condições restantes. Quando isso acontecer, a Jiangxi assumirá o controle do projeto Cascabel, uma importante operação de mineração de cobre, ouro e prata no Equador, na América do Sul.

Em um comunicado, Zhou Shaobing, vice-presidente e gerente geral da Jiangxi, disse estar “muito satisfeito” com a aceitação unânime da oferta pelo conselho da SolGold, com o apoio de outros acionistas majoritários. Zhou acrescentou estar “entusiasmado com o potencial do Projeto Cascabel”.

O executivo-chefe (CEO) da SolGold, Dan Vujcic, afirmou que o conselho “acredita ser do melhor interesse dos acionistas e da empresa” aceitar a oferta final da Jiangxi, após cuidadosa análise interna e em consulta com outros acionistas majoritários.

Em comunicado à Bolsa de Valores de Londres na quarta-feira, a SolGold afirmou que, embora continue “confiante” em sua estratégia estabelecida para desenvolver Cascabel de forma independente, a aceitação da mais recente oferta da Jiangxi, com o consentimento dos demais acionistas majoritários, “proporciona segurança” na execução do projeto. O conselho declarou que a decisão “considerou a incerteza inerente à geração de valor futuro potencial de forma independente”.

O projeto Cascabel está localizado na província de Imbabura, no norte do Equador, próximo à fronteira com a Colômbia. O projeto, com previsão de início de produção em 2028, compreende dois depósitos significativos: o depósito de pórfiro de cobre-ouro-prata Alpala e o depósito de pórfiro de cobre-ouro Tandayama-America. Eles fazem parte do Cinturão de Pórfiro Andino, que se estende do sul do Chile ao Panamá e é conhecido por ser a maior concentração de cobre do mundo.

Jimmy Feng, analista do Citi em Hong Kong, considerou o negócio “positivo” para a Jiangxi, acrescentando que o preço era “atrativo mesmo considerando o investimento inicial” necessário para o desenvolvimento do projeto, estimado em US$ 1,55 bilhão.

A vida útil da mina é estimada em 28 anos, com produção média anual de 123 mil toneladas de cobre, 277 mil onças de ouro e 794 mil onças de prata, de acordo com um estudo de viabilidade encomendado pela SolGold.

A Jiangxi tem se mostrado ativa na aquisição de ativos minerais no exterior. Zhou, o vice-presidente, afirmou em uma reunião com investidores no fim de novembro que “a aquisição de recursos é a principal estratégia da empresa”. Ele acrescentou que a empresa estatal controlada pelo governo provincial de Jiangxi está “buscando oportunidades de investimento em minas em todo o mundo”.

A empresa informou que financiará a aquisição da SolGold por meio de uma combinação de recursos próprios e empréstimos bancários. Segundo seu balanço patrimonial, a empresa possuía 61,65 bilhões de yuans (US$ 8,77 bilhões) em caixa e reservas para liquidação de dívidas com bancos e outras instituições financeiras no fim de setembro.