O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma reunião por videoconferência com o seu homólogo norte-americano Donald Trump na manhã desta segunda (6). De acordo com as primeiras informações, o encontro virtual durou cerca de 30 minutos e foi positivo.
O encontro ocorreu após uma reunião de Lula com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) no Palácio da Alvorada, segundo confirmou o governo à Gazeta do Povo.
“Positivo”, disse Haddad a jornalistas pouco depois, mas sem dar mais detalhes e reservando o conteúdo da conversa a um comunicado divulgado no final da manhã.
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Segundo o comunicado do Palácio do Planalto, Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço imposto aos produtos brasileiros e as restrições aplicadas a autoridades brasileiras. Entre elas estão a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a suspensão de vistos de aliados do governo.
“O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras”, afirmou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) (veja na íntegra mais abaixo).
Ainda segundo o Planalto, Lula e Trump relembraram a “boa química” que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU, no final do mês passado.
O governo diz que Trump também designou o secretário de Estado do país, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Haddad. Eles ainda combinaram um novo encontro pessoalmente “em breve”.
“O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP 30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos”, completou a Secom.
Reunião fora da agenda
A reunião de Lula e Trump não estava marcada na agenda oficial do dia, mas vinha sendo negociada pelos seus ministros e negociadores desde meados de julho, quando o mandatário dos Estados Unidos impôs um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para lá. Desde então, o governo vinha tentando estabelecer um canal de negociação com autoridades norte-americanas.
No entanto, as conversas tomaram um novo rumo após o discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU no final do mês passado, seguido de um comentário positivo de Trump, que disse ter ouvido as falas do seu homólogo na tribuna.
“Eu estava entrando [para discursar] e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. […] Ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto, eu não gosto. Tivemos ao menos 39 segundos de uma química excelente”, afirmou Trump pouco depois.
Em um primeiro momento, a expectativa era de que Lula e Trump conversariam apenas durante a viagem que farão à Malásia no final deste mês para participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Ataques de Lula a Trump
Lula vinha criticando abertamente Trump pelo tarifaço imposto ao Brasil, dizendo que não havia motivos e atacando-o de tentar interferir na soberania e na Justiça brasileira, já que um dos motivos apontados era o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostamente liderar uma tentativa de golpe de Estado. O mandatário norte-americano chegou a classificar a ação penal como uma “caça às bruxas”.
“Chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras”, afirmou Lula em um pronunciamento à nação em meados de julho após o anúncio do tarifaço.
Na gravação, Lula também falou que Trump utilizou informações falsas sobre o comércio entre os dois países, e que ficou ainda mais indignado por saber que “esse ataque americano ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros”. Sem citar nomes, disse que se tratam de “verdadeiros traidores da Pátria”.
Dois meses depois, em setembro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostamente tentarem coagir a Justiça articulando sanções contra o Brasil junto a autoridades dos Estados Unidos.
Segundo o órgão, o material probatório apresentado inclui declarações públicas feitas pelos denunciados em redes sociais, além de informações extraídas de celulares apreendidos em medidas cautelares autorizadas pelo STF.
Comunicado
Veja abaixo o comunicado completo da Secom sobre a conversa de Lula e Trump:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta manhã (6/10), telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.
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