O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como o novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele vai substituir o ministro Márcio Macêdo no cargo. A nomeação de Boulos será publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (21).

Nas redes sociais, Boulos agradeceu ao presidente pelo convite. “Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”, disse. O novo ministro também cumprimentou Macêdo por sua “atuação dedicada e o compromisso com os movimentos sociais ao longo destes quase 3 anos”.

Lula se reuniu com Macêdo nesta tarde para acertar a mudança. Em nota, o governo informou que a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e os ministro Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) participaram do encontro.

Antes do anúncio, Boulos estava na primeira fila da cerimônia de lançamento do programa Reforma Casa Brasil, no Palácio do Planalto. A nomeação do deputado do PSOL para a Secretaria-Geral da Presidência faz parte da reorganização do Palácio do Planalto para as eleições de 2026.

Lula busca se reforçar a relação com os movimentos sociais. Boulos foi candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024 com o apoio do petista. Além disso, o novo ministro é o líder mais conhecido do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A inclusão de Boulos no ministério poderia ser uma estratégia de Lula para conter críticos dentro de sua própria base, incluindo alguns setores da esquerda que defendem um afastamento do governo.

“Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social brasileiro e levarei esse aprendizado agora ao Planalto. Presidente, sua confiança será honrada com muito trabalho!”, disse o novo ministro.

O gabinete da Secretaria-Geral fica dentro do Palácio do Planalto. A pasta é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais. O PSOL já tem representação na Esplanada dos Ministérios com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.

Após anúncio, Márcio Macêdo diz que será candidato em 2026

Macêdo divulgou um vídeo nas redes sociais e afirmou que será candidato a deputado federal nas eleições de 2026. Segundo ele, Boulos assumiu a pasta após concordar que não disputará o próximo pleito. “Eu estou saindo para ser candidato em 2026 e o Guilherme Boulos está entrando, que não será candidato, para cuidar da gestão”, disse o ex-ministro.

“Sou profundamente grato ao presidente Lula, com quem tenho caminhado lado a lado desde 2015, na tesouraria do PT, nas caravanas ‘Lula pelo Brasil’, na luta pela liberdade do presidente, na coordenação da campanha vitoriosa de 2022, na transição de governo e, nos últimos dois anos e nove meses, como ministro”, destacou Macêdo.

Desgaste de Macêdo piorou após fiasco de 1º de maio

Márcio Macêdo enfrentou um longo processo de desgaste no governo. O momento mais simbólico do atrito foi a comemoração do Dia do Trabalhador, em 1º de Maio de 2024. O tradicional ato das centrais sindicais reuniu menos de duas mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP).

Durante discurso, Lula disse que o evento tinha sido “mal convocado” e criticou o ministro. “Ele [Macêdo] é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele: ‘Márcio, o ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’”, disse o mandatário na ocasião.

Neste ano, Lula não participou das celebrações de 1º de Maio. Macêdo estava presente no ato unificado das centrais sindicais, em São Paulo, ao lado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Cida Gonçalves (Mulheres).

Com Boulos, Lula já fez 13 trocas nos ministérios

O presidente já trocou o comando dos ministérios 13 vezes desde o início do terceiro mandato. Veja abaixo as mudanças:

• Secretaria-Geral: Márcio Macêdo foi substituído por Guilherme Boulos;
• Mulheres: Cida Gonçalves foi substituída por Márcia Lopes;
• Previdência Social: Carlos Lupi foi substituído por Wolney Queiroz;
• Comunicações: Juscelino Filho foi substituído por Frederico de Siqueira Filho;
• Saúde: Nísia Trindade foi substituída por Alexandre Padilha;
• Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta foi substituído por Sidônio Palmeira;
• Secretaria de Relações Instituições: Alexandre Padilha assumiu a Saúde e foi substituído por Gleisi Hoffmann;
• Justiça: Flávio Dino foi substituído por Ricardo Lewandowski;
• Portos e Aeroportos: Silvio Costa Filho substituiu Márcio França, que foi remanejado para o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte;
• Esportes: Ana Moser foi substituída por André Fufuca;
• Turismo: Daniela do Waguinho foi substituída por Celso Sabino;
• Direitos Humanos: Silvio Almeida foi substituído por Macaé Evaristo;
• Gabinete de Segurança Institucional (GSI): general Gonçalves Dias foi substituído pelo general Marcos Antônio Amaro.