O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou uma postura mais firme do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, no enfrentamento ao crime organizado. Segundo Haddad, o fluxo financeiro das organizações criminosas no Estado tem origem, em grande parte, no contrabando de combustíveis e da fraude tributária. O ministro afirmou que o governador precisa “acordar para esse problema crônico” e colaborar com a Receita Federal no combate ao “andar de cima”.
“Nós, pessoalmente, aqui da Fazenda, estamos atuando forte no Rio de Janeiro contra o crime organizado. Na minha opinião, da maneira mais eficaz, que é a questão dos combustíveis. Nós apreendemos quatro navios. Está uma guerra jurídica em torno da liberação ou não dessas mercadorias. E eu penso que o governador deveria nos ajudar em relação a isso. O governo do Estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustível, que é como se irriga o crime organizado”, disse aos jornalistas nesta quarta-feira (29).
O ministro afirmou ainda que está faltando uma atuação do governador do Rio no sentido de “asfixiar” o crime organizado. “O dinheiro, no caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo da questão do contrabando de combustível, da fraude tributária, da simulação de refino, da distribuição de combustível batizado. E eu penso que o governador deveria acordar para esse problema, que é crônico no Rio de Janeiro, e nos ajudar, ajudar aqui a Receita Federal a combater o andar de cima“, disse.
“Quando o dinheiro está irrigando o crime, é muito difícil você, na ponta, conseguir controlar. Tem que controlar pelo alto, asfixiar o crime. Sem dinheiro, eles têm pouca capacidade de atuação”, disse. “Ele [Cláudio Castro] precisa acordar para esse problema. Problema crônico no Rio”, emendou Haddad.
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O ministro ressaltou ainda a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública para fortalecer o enfrentamento ao crime organizado. Segundo ele, o texto estabelece uma integração entre governadores, o presidente da República, a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, criando uma atuação coordenada contra as organizações criminosas.
Sobre as medidas encaminhadas pela Fazenda ao Congresso para viabilizar o fechamento do Orçamento de 2026, Haddad afirmou estar “bastante impressionado” com o avanço das negociações na Câmara dos Deputados. “Eu penso que o clima está melhorando muito para votar algumas matérias importantes para fechar o orçamento da forma como planejado”, disse. Ele falou que vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva hoje para tratar sobre diversos assuntos.
Haddad também repetiu que está realizando uma análise, a pedido do relator da reforma do Imposto de Renda no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), para verificar se a proposta de isenção para quem ganha até R$ 5 mil é efetivamente neutra do ponto de vista fiscal. Segundo o ministro, Calheiros sinalizou que não pretende alterar o texto, justamente para evitar que ele tenha de retornar à Câmara.
Ao ser questionado sobre a intenção do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de discutir um projeto que elimina o prazo de cinco anos de vigência da política de isenção do IR, Haddad disse apenas que nenhum governante vai retroceder neste tema. “Na verdade, ninguém vai retroceder disso. É que quando se aprova uma lei, se aprova por tempo determinado, por exigência legal”, avaliou.
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