O Ministério das Relações Exteriores do Brasil criticou nesta quarta-feira (1º) a interceptação pela Marinha israelense da chamada “Flotilha Global Sumud”, que tentava furar o bloqueio a Gaza.
O Itamaraty afirmou em nota acompanhar “com preocupação” a operação, que resultou na detenção de dez brasileiros, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e o ativista de esquerda Thiago Ávila. A nota do governo brasileiro declarou que a ação de Israel “viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica”.
Segundo informações divulgadas pela organização da flotilha, ao menos 39 barcos foram interceptados por Israel desde a tarde de quarta-feira, e mais de 178 pessoas neles já haviam sido capturadas até a noite, entre elas a ativista Greta Thunberg. O grupo informou que cerca de 443 tripulantes ainda estão “sem paradeiro conhecido” após a operação israelense.
“Interceptar embarcações humanitárias em águas internacionais é um crime de guerra”, denunciaram os organizadores, que afirmam que os voluntários foram “atacados com canhões de água” e sofreram bloqueio das comunicações.
Na nota, o Itamaraty reiterou a “defesa da liberdade de navegação em águas internacionais” e cobrou de Israel a responsabilidade pela segurança dos brasileiros detidos. A chancelaria também exigiu o “levantamento imediato e incondicional de todas as restrições à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza”. O Itamaraty disse que a embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato com as autoridades de Israel para prestar assistência consular aos brasileiros detidos, conforme prevê a Convenção de Viena.
De acordo com a Agência Brasil, a delegação brasileira que participava da flotilha era composta por 17 integrantes, sendo dez já confirmados entre os detidos durante a interceptação israelense. A lista inclui Ariadne Catarina Cardoso Teles, Magno de Carvalho Costa, Gabrielle da Silva Tolotti, Bruno Sperb Rocha, Mariana Conti Takahashi, Lucas Farias Gusmão, Mohamad Sami El Kadri e Lisiane Proença Severo, além do argentino residente no Brasil Nicolas Calabrese.
Do lado israelense, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a operação para interceptar os barcos da flotilha foi conduzida “sem problema” e que os passageiros estão sendo levados ao porto de Ashdod. A porta-voz da chancelaria italiana, Maria Elena Delia, declarou que os detidos terão duas opções: aceitar expulsão voluntária imediata ou permanecer sob custódia de Israel até decisão judicial, processo que pode durar de 48 a 72 horas. O governo da Itália confirmou que 22 de seus cidadãos, incluindo parlamentares, também foram interceptados.
Israel declarou nesta semana que a Flotilha Global Sumud teria “ligações diretas com o Hamas”, citando documentos que, segundo o governo, comprovariam que a missão humanitária “opera sob pretexto civil” para favorecer a organização terrorista palestina.
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