O governo federal convocou para esta terça-feira (7) uma reunião com representantes da indústria de bebidas alcoólicas e entidades contra a falsificação para enfrentar a escalada de intoxicações por metanol. O objetivo é discutir estratégias concretas para conter a crise e evitar proibições municipais indiscriminadas.
O setor legal teme que, com a confirmação de novos casos, ocorra pânico generalizado e retração nas vendas, sobretudo de destilados. O governo ainda não dispõe de dados concretos sobre o impacto econômico nas vendas do setor formal.
“A ideia é entender o que o mercado tem a dizer sobre a crise e ver como eles podem ajudar. Eles são importantes no combate à falsificação de bebidas. E, além disso, ouvir as queixas. É um momento difícil para o mercado legal, precisamos ver como conseguimos ajudar também”, disse Paulo Henrique Pereira, Secretário Nacional do Consumidor.
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Até agora, o Ministério da Saúde registrou 225 casos de intoxicação em 12 estados e no Distrito Federal, dos quais 16 foram confirmados e 209 seguem em investigação. Foram notificadas 15 mortes — duas já confirmadas em São Paulo e 13 em apuração nos estados de São Paulo (7), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1), Paraíba (1) e Ceará (1). Os dados consideram notificações até 16h de domingo (5).
Diante do aumento dos casos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de 2,6 mil frascos de fomepizol, medicamento usado como antídoto para intoxicação por metanol.
A medida, de caráter excepcional, foi baseada na Resolução de Diretoria Colegiada 203/2017, que permite a importação emergencial de produtos sem registro nacional, desde que voltados à vigilância sanitária.
No último sábado (4), o ministro Alexandre Padilha anunciou a compra de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, somando-se às 4,3 mil já adquiridas.
“Essa ampliação assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado”, disse. Os dois medicamentos podem ser aplicados imediatamente, sem aguardar exames laboratoriais.
As doses de etanol farmacêutico reforçarão as 4,3 mil ampolas já enviadas aos estoques do SUS por meio dos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Em paralelo, a Polícia Federal intensifica as investigações sobre a origem das bebidas adulteradas, que já ultrapassaram os limites do estado de São Paulo e foram identificadas em outras regiões do país.
Ao longo do final de semana, mais de 7 mil garrafas foram apreendidas em fiscalizações realizadas em São Paulo após as notificações. Também há indícios de que o padrão de adulteração é “inédito e diverso”, segundo autoridades federais.
Já no âmbito dos estados, alguns governos também adotam medidas locais. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSD-RS) determinou a criação de um comitê intersecretarial envolvendo saúde, segurança e agricultura para acompanhar suspeitas de contaminação e coibir a circulação de bebidas adulteradas.
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