Empresários e executivos brasileiros que viajaram a Londres nesta semana para debater temas como transição energética e inclusão financeira abriram uma brecha na pauta para falar da crise de segurança pública, escancarada pela operação policial que deixou mais de cem mortos no Rio de Janeiro.
No encerramento do evento, organizado pelo Lide, de João Doria, nesta sexta-feira (31), o empresário José Batista Júnior, da família da J&F, manifestou a preocupação do setor produtivo com o assunto.
“O governo federal precisa começar a trabalhar muito forte nas questões de segurança nacional para dar a nós empresários a tranquilidade de poder trabalhar e produzir, que é o que sabemos fazer”, disse Júnior.
Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, que hoje é vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, disse acreditar que “a inteligência financeira é um importante instrumento no combate ao crime organizado”.
A manifestação mais entusiasmada foi do presidente da Loterj, Hazenclever Cançado, que exaltou a ação policial e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
“Cumprimento o nosso governador, que com sua liderança firme e destemida vem fazendo o Rio de Janeiro reencontrar o seu rumo. Um Estado que age, reage e que se transforma. Um governo que não teme o trabalho duro nem se omite diante dos grandes desafios”, disse.
Também presente no evento, o ex-presidente Michel Temer defendeu que seja recriado no Brasil um ministério voltado à segurança pública, pasta que ele instalou durante seu mandato entre 2016 e 2018, mas foi reincorporada ao Ministério da Justiça pela gestão Bolsonaro.
“Eu almejo que, na área federal, esse seja um setor específico. Hoje, o Ministério da Justiça tem inúmeras funções, entre as quais a de segurança pública. Essa é uma matéria que preocupa o país, particularmente no tocante às organizações criminosas, que hoje se reúnem em uma coisa extraordinária”, disse Temer.
Para o ex-presidente, que foi secretário estadual de Segurança Pública em São Paulo nos anos 1980 e nos anos 1990, falta hoje uma ação coordenada.
“O Raul Jungmann era o ministro da Segurança e fazia quase que mensalmente, quinzenalmente, uma reunião dos secretários de Segurança de todo o país, porque o crime ultrapassa as fronteiras dos Estados e até do país. Ele é transnacional”, disse.
Organizador do evento, João Doria, que foi governador de São Paulo entre 2019 e 2022, também disse apoiar a ação de Castro, mas fez ressalva às mortes.
“Não é fácil ter uma atitude de firmeza em relação à segurança pública, especialmente no Rio de Janeiro. Acho que ele deve estreitar o diálogo com o governo federal. Reconheço no ministro Ricardo Lewandowski [Justiça] uma pessoa de bom diálogo. Mas a firmeza estabelecida nesta ação, ainda que lamentando as mortes que dela ocorreram, pode se ver no apoio da população”, disse.
Doria afirma que alguns setores são mais afetados pelo crime organizado, como os combustíveis, mas o impacto é generalizado. “Talvez seja um bom momento para somar forças para resolver: recriar o Ministério da Segurança Pública, buscar as melhores pessoas e tecnologias, destinar investimentos para ter resultados e evitar que novos crimes aconteçam e novas vidas se percam”, disse.
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