Os Estados Unidos se preparam para estabelecer uma presença militar em uma base aérea em Damasco, na Síria, para ajudar a viabilizar um pacto de segurança que o governo americano está mediando entre o país árabe e Israel, segundo declarações de fontes anônimas.
A base está localizada no sul do país, em uma região que deve formar uma zona desmilitarizada como parte de um pacto de não-agressão entre Israel e Síria. Esse acordo está sendo mediado pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump.
Os planos dos EUA para a presença na capital síria, que não haviam sido relatados anteriormente, seriam um sinal do realinhamento estratégico da Síria com os EUA após a queda de Bashar al-Assad, no fim do ano passado.
Trump se reunirá com o presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, na próxima segunda-feira, na Casa Branca, sendo esta uma visita inédita de um chefe de Estado sírio ao local.
A Reuters falou com seis fontes familiarizadas com os preparativos na base, incluindo dois funcionários ocidentais e um oficial de defesa sírio, que confirmaram que os EUA planejavam usar a base para ajudar a monitorar um possível acordo Israel-Síria.
Um funcionário do governo americano disse que os EUA estão “avaliando constantemente nossa postura necessária na Síria para combater efetivamente o ISIS [Estado Islâmico] e não comentamos sobre locais ou possíveis locais de operação das forças”. O funcionário solicitou que o nome e a localização da base fossem removidos por razões de segurança operacional.
Um oficial militar disse que o Pentágono acelerou seus planos nos últimos dois meses com várias missões de reconhecimento à base. Essas missões concluíram que a longa pista da base estava pronta para uso imediato.
Dois militares sírios disseram que as conversas técnicas se concentraram no uso da base para logística, vigilância, reabastecimento e operações humanitárias, enquanto a Síria manteria plena soberania sobre a instalação.
Um oficial de defesa sírio disse que os EUA enviaram aeronaves de transporte militar C-130 à base para garantir que a pista estivesse utilizável. Um segurança em uma das entradas da base afirmou que aeronaves americanas estavam pousando lá como parte de “testes”. Não estava claro quando o pessoal militar dos EUA seria enviado à base.
Os novos planos dos EUA parecem espelhar outras duas presenças militares americanas recentes na região que monitoram acordos de cessação de hostilidades: uma no Líbano, que acompanha de perto o cessar-fogo do ano passado entre o grupo armado libanês Hezbollah e Israel, e outra em Israel, que monitora a trégua do país com o grupo palestino Hamas.
Os EUA já possuem tropas no nordeste da Síria, como parte de um esforço de longa data para ajudar uma força liderada pelos curdos a combater o Estado Islâmico. Em abril, o Pentágono anunciou que reduziria pela metade o número de tropas na região, para 1mil.
Sharaa disse que qualquer presença militar americana deve ser acordada com o novo governo sírio. O país está prestes a ingressar na coalizão global liderada pelos EUA contra o ISIS, afirmam autoridades americanas e sírias.
Uma fonte próxima às tratativas sobre a base disse que a medida foi discutida durante uma viagem do almirante Brad Cooper, comandante do Comando Central dos EUA [CENTCOM], a Damasco em 12 de setembro.
Uma declaração do CENTCOM na época disse que Cooper e o enviado dos EUA à Síria, Thomas Barrack, se reuniram com Sharaa e agradeceram por contribuir na luta contra o Estado Islâmico na Síria, o que poderia ajudar a realizar a “visão de Trump de um Oriente Médio próspero e uma Síria estável, em paz consigo mesma e com seus vizinhos”. A declaração não mencionou Israel.
Os EUA trabalham há meses para alcançar um pacto de segurança entre Israel e Síria, dois inimigos de longa data. Esperava-se que um acordo fosse anunciado na Assembleia Geral da ONU em setembro, mas as negociações sofreram um impasse de última hora.
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