Os Estados Unidos confirmaram nesta quarta-feira (1º) que, por motivos de “segurança nacional”, negaram vistos a vários funcionários do Ministério da Saúde Pública (Minsap) de Cuba que pretendiam participar de uma reunião da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Washington.
Um porta-voz do Departamento de Estado americano disse à Agência EFE que “as restrições de viagem impostas aos representantes da ditadura cubana protegem os interesses de segurança nacional dos EUA”.
O departamento também informou que “nenhuma restrição impediu que os representantes do regime ilegítimo cubano que trabalham em sua embaixada [nos EUA] participassem da reunião da Opas”.
O regime cubano denunciou que Washington havia negado o visto a um grupo de funcionários do Minsap que o solicitaram em Havana para participar de uma reunião da Opas e a permissão de transferência para aqueles que já estavam em Nova York – por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, divulgou declarações da vice-ministra da Saúde, Tania Margarita Cruz, que afirmou que Washington “aproveitou-se da necessidade de uma autorização de transferência para impedir” que ela participasse, “como chefe da delegação cubana”, da reunião da Opas.
O governo dos EUA considera que as missões de médicos cubanos no exterior são “um caso indiscutível de trabalho forçado”. Por isso, mantém Cuba na lista negra de países que não cumprem os padrões mínimos de combate ao tráfico de pessoas.
Em agosto, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que a gestão Trump revogou vistos de funcionários públicos de Cuba e outros países, incluindo ex-integrantes do Ministério da Saúde da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff (2011-2016), em razão do envio de médicos cubanos para trabalharem em outras nações.
Desde 2018, tramita na Justiça federal dos Estados Unidos uma ação contra a Opas, apresentada por quatro médicos cubanos que trabalharam no Brasil no Mais Médicos.
“Os médicos não tiveram escolha a não ser ir ao Brasil; seus documentos foram confiscados e a sua circulação foi limitada no Brasil; eles foram obrigados a doutrinar a população local; seus familiares foram mantidos reféns em Cuba; eles foram vigiados 24 horas por dia, sete dias por semana, por agentes da inteligência cubana empregados pela Opas; e Cuba e a Opas confiscaram de 80% a 90% do valor pago pelo Brasil por seus serviços”, afirmou num comunicado a Fundação para os Direitos Humanos em Cuba.
Segundo a ONG, entre 2013 e 2018, o Brasil pagou à Opas US$ 2,58 bilhões pelo trabalho de mais de 10 mil profissionais cubanos dentro do Mais Médicos.
A Opas, braço da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as Américas, enviou pelo menos US$ 2,3 bilhões para Havana e ficou com 5% do total; os médicos receberam menos de 10% do valor total pago pelo Brasil por seus serviços, relatou a Fundação para os Direitos Humanos em Cuba.
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