A Espanha concedeu à Airbus permissão excepcional para produzir aeronaves e drones utilizando tecnologia israelense em suas fábricas espanholas, embora tenha proibido produtos militares e de uso duplo de Israel há dois meses devido à guerra em Gaza.
Aprovada na última terça-feira (23) pelo gabinete e defendida por vários ministros nesta semana, a isenção reflete a pressão de empresas e interesses domésticos que alguns dos críticos mais duros da Europa à recente guerra de Israel têm enfrentado ao tentar impor sanções comerciais.
A medida também arrisca aumentar as tensões dentro da coalizão governista entre os socialistas liderados pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e seu parceiro de extrema-esquerda Sumar, num momento em que o governo já está enfraquecido por disputas internas e escândalos de corrupção e acusações de assédio sexual.
Nem a Airbus nem o ministério da defesa estavam imediatamente disponíveis para comentar.
A Espanha aprovou em setembro uma lei para tomar “medidas urgentes para parar o genocídio em Gaza”, proibindo o comércio de material de defesa e produtos de uso duplo de Israel, bem como importações e publicidade de produtos originários de assentamentos israelenses ilegais.
O Ministério do Consumo ordenou nesta terça-feira que sete sites de acomodação turística removessem 138 anúncios de casas de veraneio em territórios palestinos ocupados ou enfrentariam a ameaça de sanções na Espanha.
A Espanha já bloqueou 200 tentativas de compra de material ligado a Israel, disse seu ministro da Transformação Digital, Oscar Lopez, à emissora nacional TVE nesta terça-feira.
A Airbus, que emprega cerca de 14 mil pessoas na Espanha e responde por 60% de suas exportações aéreas e de defesa, recebeu a primeira exceção em uma reunião de gabinete na semana passada, segundo as atas escritas, citando o “grande potencial industrial e de exportação” de suas aeronaves “consideradas essenciais… para preservar milhares de empregos altamente qualificados na Espanha”.
A empresa aeroespacial europeia produz seus aviões de transporte A400M e C295, uma aeronave de reabastecimento A330 MRTT e drones de vigilância SIRTAP em suas unidades em Madri e Sevilha, todos utilizando tecnologia israelense.
A empresa está trabalhando com o Ministério da Defesa da Espanha em um “plano para se desconectar da tecnologia israelense”, de acordo com a ata publicada na última terça-feira, que não forneceu mais detalhes.
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