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Distanciamento entre Trump e Putin impulsiona escalada nuclear

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Nesta semana, o ditador Vladimir Putin ordenou que seu regime preparasse um relatório sobre a “necessidade” de retomar testes nucleares na Rússia. O anúncio surge como uma reação à sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesse mesmo sentido, poucos dias atrás.

A relação aparentemente amigável entre os dois nos últimos meses, que gerou até elogios e esperança de pôr fim à guerra na Ucrânia, agora escalou para um rumo contrário à paz.

Moscou e Washington passaram de convocar uma cúpula em Budapeste a considerar o retorno à demonstração de força nuclear como arma política, algo os países não faziam desde 1990 e 1992, respectivamente.

Trump deixou clara sua frustração com o ditador russo em diferentes ocasiões devido à falta de ação em negociar um acordo de paz na Ucrânia – sempre que conversavam, o Exército russo realizava um grande ataque no território invadido logo depois. A maneira mais direta do republicano expressar essa impaciência foi por meio do cancelamento da cúpula na Hungria.

O líder da Casa Branca também impôs sanções a empresas de petróleo russas e suspendeu discretamente restrições à capacidade da Ucrânia de atingir alvos em território russo com outras armas.

Com as portas se fechando para o diálogo, Putin imediatamente respondeu com demonstração de força ao divulgar exercícios militares. Um deles envolveu o míssil de cruzeiro russo Burevestnik que, segundo o líder do Kremlin, funciona com energia nuclear e pode transportar uma ogiva nuclear.

Em seguida, o ditador ordenou o teste de um supertorpedo com capacidade e propulsão nuclear, acompanhado de soldados, o que escalou o atrito com Trump e o levou a anunciar a preparação para teste nucleares nos Estados Unidos depois de mais de 30 anos.

Estados Unidos e Rússia são signatários do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, de 1996, que proíbe testes nucleares. No entanto, Washington nunca ratificou o acordo e a Rússia retirou sua ratificação em 2023.

Com isso, os acordos que restringem a ameaça nuclear entre os dois países parecem cada vez mais enfraquecidos. A Rússia enfatizou recentemente que, se outras nações iniciarem seus testes, seguirá no mesmo caminho.

Em um artigo publicado no mês passado no New York Times, o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, analisou que o regime de Putin demonstra estar aberto ao diálogo, mas na realidade seu objetivo é escalar o atual conflito restrito à Ucrânia.

Ele cita todas as tentativas de Trump de acabar com a guerra no leste europeu desde que retornou à Casa Branca, em janeiro, inclusive aceitando condições do Kremlin, como a escolha de Steve Witkoff para mediar as conversas entre os países diretamente no Kremlin.

O enviado especial americano se sentou com Putin em agosto para uma conversa que durou horas. Trump escreveu nas redes sociais em seguida: “Meu enviado especial, Steve Witkoff, acabou de ter uma reunião altamente produtiva com o presidente russo Vladimir Putin. Grandes avanços foram alcançados!”. Outras reuniões entre diplomatas russos e americanos aconteceram nesse período que parecia indicar um avança da paz.

Depois disso, Trump pediu diretamente a Putin que encerrasse os ataques na Ucrânia, durante o encontro presencial entre os dois no Alasca, requisição que foi ignorada pelo líder do Kremlin e irritou profundamente o americano.

Outro sinal de que a Rússia busca escalar o conflito são os gastos militares que apenas aumentam. Estima-se que o país gastará até o final do ano cerca de US$ 190 bilhões, um aumento de 3,4% em relação a 2024. Para 2026, prevê-se que gastos com defesa e segurança consumam até 40% de todo o orçamento nacional.

Para Sikorsk, só é possível negociar com os russos invertendo a ordem das ações: primeiramente, deve-se fazer a demonstração de força. Depois que Moscou se sentir ameaçada de fato, senta-se à mesa de negociações, o que Trump parece ter entendido agora.

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