Durante participação no 15º Congresso Internacional de Gestão de Riscos promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Aquino contou que, depois do anúncio das novas regras, recebeu ligações de associações representantes de setores do mercado, sem citar quais. “Algumas associações me ligaram logo em seguida falando assim: vocês querem nos matar? Diga logo. Eu falava assim, não é isso. Eu quero reforçar o sistema”, relatou.

No anúncio das medidas, na semana passada, o diretor tinha dito que as novas regras iriam impactar cerca de 500 entidades. Ele mencionou os segmentos que devem ser mais impactados, como consórcios, cooperativas, corretoras e instituições de pagamento.

Nesta quinta-feira, Aquino ressaltou que não tem dúvida de que, se essas instituições tiverem um bom modelo de negócio, elas vão investir, se enquadrar e o sistema financeiro vai ser melhor.

O diretor ressaltou que o BC instituiu um prazo de adaptação para a nova regra de capital mínimo e que a autoridade monetária tem uma “ideia muito forte” de ter um diálogo com todas as associações.

“Depois do diálogo, [vamos ter] um simulador que provavelmente vai ser colocado no site [do BC]. Outra dinâmica: quais serão as estratégias de enquadramento, qual impacto na área de autorização”, afirmou.

“Eu torço muito para que todos sobrevivam, mas se um número quantitativo não conseguir sobreviver, é sinal de que o modelo de negócio não era bom. Aí não depende do supervisor bancário, depende do modelo de negócio. Sempre ressaltando, temos bons modelos de negócio e que acredito que grande parte vai conseguir se enquadrar”, acrescentou.

O diretor lembrou que havia regras de capital mínimo que tinham quase 30 anos. “Esta medida de capital mínimo é uma medida boa para o sistema financeiro, é boa para o país”, disse. Para Aquino, o valor exigido de capital mínimo era muito baixo para começar um negócio.

“O que nós avaliamos foi depois de décadas, três décadas de debate até atualizar o valor. Precisamos dizer o seguinte: dado o cenário atual, dada a complexidade do sistema financeiro brasileiro, nós precisamos de iniciar instituições financeiras com R$ 10 milhões, com R$ 15 milhões. O que é extremamente, do nosso ponto de vista, razoável, dado o custo fixo para iniciar um negócio”, disse.

Aquino disse que os incidentes cibernéticos mostraram que as instituições do sistema financeiro precisam ter estruturas mais robustas. “Precisamos ter instituições mais resilientes. Não estou atacando a inovação. Inovação vai estar sempre. O binômio é segurança e inovação”, disse.