O regime do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, adotou, nos últimos meses, uma série de ações desesperadas diante da crescente pressão militar e diplomática imposta pelos Estados Unidos, sob ordens diretas do governo do presidente Donald Trump. As medidas tomadas pela ditadura de Caracas vão desde mobilizações internas de “milhões” de milicianos até pedidos diretos de apoio militar a Rússia, China, Irã e até ao Brasil.
A seguir, veja dez iniciativas tomadas pelo regime chavista para tentar conter a ofensiva americana.
1. Mobilização massiva de milicianos
O primeiro movimento desesperado do regime ocorreu em agosto, quando Maduro anunciou a ativação de um plano de defesa que mobilizaria “4,5 milhões de milicianos” em todo o país. O anúncio, feito em rede nacional e repercutido por veículos internacionais, incluía o pedido para que essas estruturas se mantivessem “preparadas, ativadas e armadas”, para responder ao que chamou de “ameaças” dos EUA.
Mais tarde, o ditador duplicou a própria estimativa inicial e elevou o número para 8,2 milhões de milicianos.
A ONG de direitos humanos da Venezuela Laboratorio de Paz relatou denúncias de alistamento forçado de venezuelanos, envolvendo servidores públicos, jovens e idosos pressionados pela campanha da ditadura chavista. As denúncias incluíam ameaças de perda de benefícios sociais, punições administrativas, sequestros e mobilizações forçadas de pessoas em regiões carentes.
2. Apelos à ONU e à OPEP para denunciar a “agressão” dos EUA
Ainda em agosto, diante da mobilização dos EUA no Caribe, o chanceler do regime chavista, Yván Gil, pediu ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que “interviesse” para “restabelecer a sensatez” na América Latina.
Em setembro, o alto-comissário da ONU para direitos humanos, Volker Türk, condenou os ataques americanos no Caribe contra embarcações ligadas ao narcotráfico. O chanceler venezuelano agradeceu publicamente a declaração de Türk, alegando que a ONU teria “assumido a responsabilidade” de denunciar o que chamou de “agressões injustificadas”.
O discurso chavista chegou também à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), quando a vice-presidente do regime, Delcy Rodríguez, apresentou uma carta do ditador Maduro à organização “denunciando” as ações dos EUA e afirmando que as medidas em curso no Caribe são uma tentativa da Casa Branca de “se apoderar das vastas reservas de petróleo da Venezuela pela força militar”. O regime alertou na ocasião que a ofensiva militar americana “desequilibraria o mercado global de energia” – uma estratégia para posicionar sua crise interna como tema de impacto mundial.
3. Mobilização militar e suspensão de acordo energético com Trinidad e Tobago
Em novembro, Maduro convocou a população de seis estados venezuelanos para uma “vigília e marcha permanente” nas ruas contra os exercícios militares dos EUA em Trinidad e Tobago. O ditador acusou naquele momento o governo americano de querer “matar um povo cristão” e classificou as manobras dos EUA como “provocação direta à Venezuela”.
A ordem de Maduro mobilizou estruturas partidárias, policiais e militares, reforçando a narrativa de que o país estaria prestes a sofrer uma agressão externa. O regime chavista também suspendeu um acordo energético que tinha com Trinidad e Tobago e declarou a primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar “persona non grata”.
4. Ofertas secretas aos EUA para evitar intervenção: petróleo, ouro e até rompimento com China e Rússia
Segundo jornais americanos, em uma outra medida desesperada, Maduro chegou a oferecer aos EUA participação dominante nos projetos de petróleo e ouro do país, além de prometer também rever contratos de Caracas com empresas chinesas, russas e iranianas.
O acordo proposto à Casa Branca, para tentar conter a ofensiva de Trump, incluía reverter o fluxo de exportações para priorizar o mercado americano. A Casa Branca, contudo, rejeitou tal acordo.
5. Propostas de “transição pacífica” sem Maduro, liderada pela vice do regime
Também segundo a imprensa americana, altos dirigentes chavistas – com anuência do próprio Maduro – tentaram convencer os EUA a aceitar uma transição política “pacífica” sem o ditador, com a vice-presidente Delcy Rodríguez assumindo o comando de um governo provisório, que convocaria eleições após o fim do atual mandato.
As ofertas foram feitas em abril e setembro, mediadas por representantes do Catar, e buscavam preservar a estrutura chavista sem entregar Maduro à justiça americana. A Casa Branca também não aceitou este acordo.
6. Tentativa de negociação direta com Trump: anistia total, retirada de sanções e fim do processo no TPI
Em novembro, a agência Reuters revelou que Maduro pediu ao presidente Donald Trump, durante uma ligação, anistia plena para si e sua família, além do fim de todas as sanções americanas e do encerramento do processo por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI). Também ofereceu novamente um governo de transição liderado por sua vice. Trump, contudo, recusou todas as demandas e deu a Maduro uma semana para deixar o país. O ditador não cumpriu o prazo. Após isso, o presidente americano começou a falar em realizar operações contra o narcotráfico dentro da Venezuela. O episódio foi a tentativa mais explícita de Maduro de negociar sua permanência em liberdade fora da Venezuela.
7. Oferta de cooperação aos EUA para capturar líderes do Tren de Aragua
Em setembro, a agência Bloomberg noticiou que Maduro enviou uma carta oferecendo ajuda aos EUA para capturar líderes da facção criminosa Tren de Aragua, grupo que o governo Trump classificou como organização terrorista. A iniciativa buscava restabelecer algum canal de diálogo com Washington logo após o primeiro ataque americano a uma embarcação venezuelana no Caribe.
8. Pedido formal de apoio militar à Rússia, China e cooperação com o Irã
Reportagem do jornal Washington Post detalhou cartas enviadas por Maduro aos ditadores Vladimir Putin e Xi Jinping solicitando apoio militar ampliado. Os pedidos incluíam:
- Envio de caças Sukhoi Su-30MK2;
- Fornecimento de 14 conjuntos de mísseis;
- Novos sistemas russos de radar e financiamento;
- Aceleração chinesa na produção de sistemas de detecção aérea.
Os documentos também mostram que o regime chavista buscou com o Irã drones de longo alcance, bloqueadores de GPS e equipamentos de vigilância.
9. Formação de um “gabinete especial” para endurecer o núcleo político do regime
Neste mês, Maduro anunciou a criação de um “gabinete especial” composto por 12 aliados centrais, incluindo Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez, Cilia Flores (esposa de Maduro) e Delcy Rodríguez, com o objetivo declarado de “liderar” a revolução bolivariana contra a pressão militar dos EUA.
A medida foi vista por analistas como uma forma do regime de tentar conter possíveis rupturas, deserções ou negociações forçadas. Além de possíveis traições.
10. Busca de apoio político do Brasil, MST, Colômbia e México
Também neste mês, Maduro ampliou sua busca por aliados regionais e chegou a acionar o Movimento Sem Terra (MST) no Brasil, movimento historicamente próximo do PT, na tentativa de obter apoio político e retórico externo. O regime também cobrou mais apoio do presidente Lula e dos governos de esquerda do México e Colômbia, afirmando que a pressão dos EUA era uma ação contra a América Latina.
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