A defesa do ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, nesta segunda-feira (8), que o ministro Luiz Fux participe do julgamento da ação penal nº 2693 (núcleo 2). O julgamento começa nesta terça-feira (9), e Filipe Martins irá presencialmente à sessão.
Os advogados Jeffrey Chiquini e Ricardo Fernandes argumentam que as acusações do núcleo 2 vieram do mesmo inquérito, tratam dos mesmos fatos e compartilham as mesmas provas dos núcleos 1 (ação penal nº 2668) e 4 (ação penal nº 2694). Fux participou desses dois julgamentos, mas pediu transferência de turma logo depois, passando a ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso na Segunda Turma.
De acordo com a defesa, há “evidente conexão entre os processos” que julgam a suposta organização criminosa acusada de planejamento de golpe de Estado, “o que gera aos réus o direito subjetivo de serem julgados pelo mesmo colegiado”, para que seja observado plenamente o princípio da igualdade e isonomia, sem injustificada diferença de tratamento entre os réus dos diferentes núcleos.”
“O ministro, inclusive, já vinha enfrentando em seus votos as alegações e imputações relativas a Filipe Martins, sendo certo que toda a narrativa acusatória atribuída ao Requerente decorre exclusivamente de fatos classificados no Núcleo 1 e não no Núcleo 2”, argumenta a defesa, evocando, com isso, o princípio do juiz natural para pedir que Filipe Martins seja julgado pelo mesmo colegiado, na mesma composição que recebeu a denúncia e julgou os dois núcleos já analisados.
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Fux divergiu dos colegas de Corte e votou contra condenações
Fux foi o único dos cinco ministros da Primeira Turma a votar contra a condenação dos réus dos núcleos 1 e 4, uma vez que não enxergou, nos autos, elementos suficientes para a caracterização dos crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República. Sobre organização criminosa, por exemplo, o magistrado argumenta que o crime exige um grupo que pratique atos ilícitos reiteradamente, o que não está presente na narrativa acusatória, uma vez que a suposta organização teria se formado exclusivamente para aplicar o suposto golpe.
Outro destaque é para a visão de Fux acerca do crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito. Diferentemente dos colegas, ele entende que, para a caracterização deste crime, seria necessária a tentativa de abolir todos os elementos de uma democracia: voto livre, garantias individuais, funcionamento dos poderes, etc.
Com o movimento de Fux, a Primeira Turma passou a contar com quatro ministro, três deles indicados pelo presidente Lula (PT): Zanin, Dino e Cármen Lúcia; e um indicado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB): Alexandre de Moraes. Fux foi indicado em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff (PT). A vaga deixada por ele na Primeira Turma será preenchida pelo próximo indicado por Lula. A indicação atual é do advogado-geral da União, Jorge Messias.
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