O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy começou nesta terça-feira (21) a cumprir sua pena de cinco anos de prisão na penitenciária de La Santé, em Paris, após condenação pelo financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2007 com recursos do regime líbio de Muammar Gaddafi. Escoltado em um carro preto, Sarkozy chegou ao presídio por volta das 9h39 (horário local, 4h39 de Brasília), sob forte esquema de segurança, segundo a imprensa francesa.
Localizada no bairro de Montparnasse, no 14º distrito da capital, La Santé é a última prisão em funcionamento dentro dos limites de Paris. Inaugurada em 1867 e reformada em 2019, a unidade já abrigou figuras como o poeta Guillaume Apollinaire, o colaborador nazista Maurice Papon e o terrorista Carlos, o Chacal. O jornal britânico The Guardian lembrou que a prisão foi cenário de pelo menos 40 execuções até 1972 e hoje opera com mais de 1,1 mil presos, quase o dobro de sua capacidade.
Embora ainda aguarde julgamento em segunda instância, o ex-presidente está encarcerado por decisão da Justiça, que aplicou execução provisória da pena. A administração penitenciária decidiu mantê-lo em isolamento total na prisão La Santé, em uma ala separada do restante dos presos.
“O objetivo é evitar qualquer incidente, então devemos impedir que ele encontre qualquer detento. A solução mais simples e eficaz é enviá-lo diretamente ao isolamento”, declarou uma fonte prisional ao Le Monde. O ex-presidente não terá contato com outros internos e será acompanhado por um guarda em todos os deslocamentos.
As celas da prisão La Santé medem cerca de 10 metros quadrados e dispõem de cama, pequena mesa, chuveiro, vaso sanitário e telefone com números pré-gravados. De acordo com o The Guardian, Sarkozy terá direito a uma pequena área de exercícios, acesso à biblioteca, academia e cantina, onde poderá comprar alimentos. O ex-presidente pode ainda alugar uma televisão por 14 euros e uma geladeira por 7 euros ao mês, além de receber até três visitas semanais.
Segundo o advogado Jean-Michel Darrois, Sarkozy levou consigo tampões de ouvido “porque a prisão pode ser barulhenta à noite” e “vários suéteres”, já que as celas são frias. O The Guardian acrescenta que o ex-presidente pretende usar o período para escrever um livro e que, entre os objetos pessoais, estão uma biografia de Jesus e um exemplar de O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas – romance onde o personagem principal é um homem injustamente preso que foge em busca de vingança.
Apesar da sentença de cinco anos, juristas franceses avaliam que o ex-presidente poderá deixar La Santé antes do fim da pena. O professor de direito penal Jean-Paul Céré explicou ao Le Monde que a Justiça deve avaliar se há risco de fuga, reincidência ou pressão sobre testemunhas.
“É muito provável que Nicolas Sarkozy possa se beneficiar de uma saída rápida”, disse o especialista.
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