O centrista Rodrigo Paz foi eleito novo presidente da Bolívia com 54,53% dos votos, segundo informou na noite deste domingo (19) o Tribunal Eleitoral da Bolívia. Devido a ampla vantagem com 98% dos votos apurados, a autoridade eleitoral boliviana declarou o candidato do Partido Democrata Cristão (PDC) como vencedor do segundo turno.
Paz, um candidato que saiu do zero, já havia surpreendido em agosto quando foi o mais votado com 32% dos voto. Para superar o favorito, o ex-presidente conservador-liberal Jorge “Tuto” Quiroga (2001-2002) da coalizão Libre, Paz contou com o apoio do eleitorado indígena, que havia ficado sem representação uma vez que os socialistas ficaram de fora do segundo turno. Quiroga recebeu 45,47% dos votos, segundo a apuração parcial.
A eleição de Paz marca uma nova era política após duas décadas de governos de esquerda sob o comando do Movimento ao Socialismo (MAS). Paz, de 58 anos, é filho do ex-presidente de esquerda Jaime Paz Zamora (1989-1993). Esta é a primeira vez que o senador concorre à Presidência após 20 anos de carreira política como deputado, prefeito e governador de Tarija. Paz conseguiu cativar o eleitorado desiludido com o MAS e o apoio de setores moderados.
“Grato ao povo boliviano… Deus é grande, nunca duvidamos da nossa fé”, disse Edman Lara, candidato a vice-presidente na chapa de Paz, após saber dos resultados. “Hoje, o povo nos dá a oportunidade de governar a Bolívia… é hora de nos unirmos, é hora de nos reconciliarmos. Acabaram as cores políticas”, acrescentou Lara, ex-policial que ganhou fama nas redes sociais ao denunciar casos de corrupção dentro da corporação.
O novo governo encerrará quase 20 anos de administração do MAS, liderado pelos esquerdistas Luis Arce — o presidente em fim de mandato — e Evo Morales, que chega ao fim em meio a uma ruptura interna que levou o partido à sua pior derrota eleitoral no primeiro turno, em 17 de agosto.
As eleições foram realizadas em meio a uma crise caracterizada por escassez de combustível, alta dos preços dos alimentos e desemprego. Segundo diversas pesquisas, a economia é a principal preocupação de 80% dos bolivianos.
Observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) disseram que a votação ocorreu normalmente ao longo do dia. O novo presidente assumirá o cargo no dia 8 de novembro em meio à mais profunda crise econômica do país andino em 40 anos.
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