O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central diz, na ata da sua última reunião, que tem maior convicção de que a taxa de juros de 15% ao ano é suficiente para assegurar a convergência da inflação para a meta.
“Na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, afirma a ata, que detalha a decisão da semana passada de manter os juros estáveis em 15% ao ano.
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O Copom alterou esse parágrafo da ata, em relação à do encontro anterior. “Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”, disse, na ata de setembro. “Agora, na medida em o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta.”
No trecho sobre a discussão de política monetária, o Copom excluiu todo o parágrafo 19 da ata de setembro, que dizia: “O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.”
De acordo com documento, as leituras mais recentes da inflação continuam indicando uma “dinâmica mais benigna” do que a esperada no início do ano.
Segundo a ata, há uma combinação de câmbio mais apreciado e comportamento “mais benigno” das commodities que contribuiu para queda na inflação de bens industrializados e de alimentos. Além disso, o Copom destacou “algum arrefecimento” na inflação de serviços, ainda que continue mostrando resiliência por conta do mercado de trabalho dinâmico e da “moderação gradual” da atividade.
“Mantém-se a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”, diz o documento.
O colegiado ainda destacou que se observa um movimento “mais nítido” de queda das expectativas em horizontes “além do relevante”, ou seja, em prazos mais longos. O horizonte relevante atualmente é o segundo trimestre de 2027. O horizonte relevante é o período em que a política monetária faz mais efeito.
Apesar desse efeito, o Copom destacou que a queda nas expectativas de inflação segue mais concentrada em horizontes mais curtos e que, apesar dessa trajetória, as expectativas seguem acima da meta.
O Copom afirma ainda, na ata, que optou por já incorporar uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do Imposto de Renda na sua projeção de inflação.
“O Comitê considera que tal estimativa é bastante incerta e acompanhará os dados para calibrar seus impactos”, diz a ata, divulgada nesta manhã, que detalha a decisão de manter os juros em 15% ao ano em reunião na semana passada.
“Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”, segue a ata.
Na ata, o BC destaca que a atividade econômica doméstica manteve trajetória de moderação no crescimento. Esse quadro, segue, reforça “a interpretação de o cenário delineado pelo Comitê estar, até agora, se concretizando”.
“Os dados mais recentes corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento, ainda que, em momentos de inflexão no ciclo econômico, seja natural observar sinais mistos advindos de indicadores econômicos ou alguma diferença entre as expectativas e as divulgações”, diz o documento.
Para o comitê, “a moderação e a própria heterogeneidade das trajetórias de crescimento entre diferentes setores e mercados são compatíveis com a política monetária em curso”.
Os membros do Copom notam que mercados mais sensíveis às condições financeiras apresentam maior desaceleração, ao passo que mercados mais sensíveis à renda e menos sensíveis às condições financeiras apresentam maior resiliência.
“O mercado de crédito, por exemplo, segue apresentando desaceleração mais nítida, compatível com a política monetária em curso, ao passo que o mercado de trabalho segue resiliente”, afirma.
Mais uma vez, o comitê diz que o arrefecimento da demanda agregada “é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”.
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