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SuperVia deixará a concessão após 27 anos com trens precários, viagens lentas e abandono estrutural

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Após quase três décadas operando os trens urbanos do Rio de Janeiro, a SuperVia vai deixar oficialmente a concessão até o final de setembro de 2025. O anúncio da devolução do serviço ferroviário marca o fim de uma era marcada por atrasos constantes, frota sucateada, cancelamentos diários e reclamações crescentes dos usuários da Baixada Fluminense, especialmente de quem depende do ramal Belford Roxo.

Firmado em 1998, o contrato de concessão que deveria durar até 2048 será encerrado de forma antecipada após uma série de crises financeiras, falhas operacionais e multas impostas pela Agetransp (Agência Reguladora de Transportes Públicos do Estado do Rio de Janeiro). A SuperVia já está em processo de recuperação judicial e, segundo o Governo do Estado, será feito um processo de transição para escolha de uma nova operadora.

Viagens ficaram mais lentas do que em 1998

Com a deterioração da infraestrutura ferroviária, os trajetos de trem ficaram mais demorados. No comparativo com o ano de 1998, quando a SuperVia assumiu a concessão, os passageiros passaram a gastar muito mais tempo no trajeto:

  • Central do Brasil até Santa Cruz: de 75 minutos para 98 minutos
  • Central até Belford Roxo: de 53 minutos para 64 minutos
  • Central até Japeri: de 75 minutos para 103 minutos
  • Central até Deodoro: de 40 minutos para 50 minutos

O aumento no tempo de viagem está diretamente relacionado à precariedade dos trilhos, ao furto de cabos, à má conservação dos dormentes e às falhas no sistema de sinalização. Por medidas de segurança, os maquinistas reduzem a velocidade em diversos trechos, circulando a 40 km/h onde antes era possível chegar a 70 km/h.

Impacto direto para moradores de São João de Meriti e da Baixada

Milhares de moradores de São João de Meriti, Belford Roxo e outras cidades da Baixada Fluminense dependem diariamente dos trens para chegar ao trabalho, à escola e a serviços essenciais. Com os atrasos, a população chega a perder mais de 22 horas por mês apenas dentro dos vagões, o que equivale a quase três dias úteis de jornada de trabalho desperdiçados. Essa perda impacta diretamente a produtividade da população, o comércio e a qualidade de vida da região.

Cemitérios de trens e frota abandonada

A situação crítica também pode ser vista nos pátios de manutenção. Próximo à estação de Japeri, 79 composições estão completamente inativas, formando um verdadeiro “cemitério de trens”. Em Deodoro, outros 113 vagões foram penhorados e estão abandonados. Muitos desses trens foram alvos de vandalismo e representam risco para moradores de comunidades próximas.

Além disso, os trens que ainda estão em operação apresentam problemas recorrentes como ar-condicionado quebrado, portas com defeito, bancos danificados e superlotação em horários de pico.

Recorde de cancelamentos em 2024

Somente no ano de 2024, a SuperVia registrou 4.990 viagens canceladas ou interrompidas por falhas técnicas. Isso representa uma média de 13 cancelamentos por dia, afetando diretamente milhares de passageiros em toda a malha ferroviária.

Os cancelamentos nem sempre são informados com antecedência, o que agrava ainda mais o transtorno para quem já enfrenta longas filas e plataformas superlotadas em diversas estações.

Governo do Estado promete novo modelo de concessão

Com a saída da SuperVia, o Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que está elaborando um novo modelo de concessão do transporte ferroviário. Entre as promessas estão:

  • Investimento emergencial para recuperação de trilhos, cabos e dormentes
  • Compra de novas composições com ar-condicionado e maior capacidade
  • Implementação de uma tarifa social para beneficiários do CadÚnico
  • Redução do tempo de viagem em até 20% até 2028
  • Modernização do sistema de sinalização e controle

Especialistas defendem que o novo operador só terá sucesso se houver investimento pesado em infraestrutura básica, especialmente na via permanente e no sistema de controle de tráfego.

O que os passageiros devem fazer

Até que a nova operadora assuma, o sistema ferroviário continua sob responsabilidade da SuperVia. Para garantir seus direitos e se proteger, os usuários podem adotar as seguintes medidas:

  • Utilizar o aplicativo da SuperVia para acompanhar horários e atrasos em tempo real
  • Registrar reclamações na Agetransp pelo site www.agetransp.rj.gov.br ou pelo telefone 0800-282-0040
  • Guardar bilhetes e comprovantes para solicitar reembolso em caso de falhas graves

A população da Baixada Fluminense, especialmente de São João de Meriti, espera que a nova gestão do transporte ferroviário recupere a dignidade do serviço e ofereça mais segurança, conforto e pontualidade.


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Matéria publicada em 30 de junho de 2025. Este conteúdo pode ser atualizado conforme novas informações forem divulgadas.

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