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Por que Putin não vai ajudar Maduro contra os EUA

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Os ditadores da Rússia, Vladimir Putin, e da Venezuela, Nicolás Maduro, são parceiros de longa data. Na semana passada, ambos conversaram por telefone e o líder russo reafirmou “apoio” à ditadura chavista na “proteção dos interesses nacionais e da soberania” do país sul-americano “em meio às crescentes pressões externas”, segundo informou o Kremlin em comunicado.

Foi uma referência direta à operação americana contra o narcotráfico no Mar do Caribe, que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que será complementada em breve com ações por terra – o mandatário republicano afirmou que Maduro está com os dias “contados”.

Em outubro, o jornal americano The Washington Post informou que Maduro enviou cartas aos regimes da Rússia e da China para solicitar apoio militar diante da crescente presença dos EUA no Caribe, com pedidos de mísseis, radares e assistência técnica para aeronaves militares venezuelanas. Até o momento, fontes independentes não confirmaram se tais reivindicações foram atendidas.

Também em outubro, Putin promulgou a lei de ratificação do Tratado de Associação Estratégica entre Rússia e Venezuela, que inclui parcerias em segurança e “luta contra o terrorismo e o extremismo”.

Entretanto, se Maduro espera que a Rússia venha ajudá-lo a se manter no poder, pode se preparar para uma grande decepção. Nos últimos dois anos, três aliados de Moscou aprenderam que não é possível confiar em Putin.

No final de 2024, o então ditador da Síria, Bashar al-Assad, teve que deixar o país às pressas rumo a Moscou, que não veio socorrê-lo quando os rebeldes sírios contra quem travava uma guerra civil desde 2011 (conflito no qual a Rússia ajudou Assad durante anos) fizeram uma ofensiva relâmpago, que acabou por dar fim ao seu regime.

Em 2023, Putin já havia deixado a aliada Armênia na mão, ao não protegê-la do vizinho Azerbaijão, que tem capacidade militar maior e expulsou a população armênia do enclave de Nagorno-Karabakh.

Forças de paz da Rússia intermediaram um acordo de cessar-fogo, mas não atuaram para repelir a invasão. Diante da inação de Moscou, os armênios aumentaram seus gastos com defesa, se aproximaram do Ocidente para parcerias na área e deixaram a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma espécie de Otan da Rússia.

Outro aliado russo, o Irã, viu Putin lavar as mãos durante um conflito de 12 dias com Israel em junho deste ano, quando israelenses e os Estados Unidos atacaram instalações militares e nucleares do país dos aiatolás.

Analistas consideram que, diante das dificuldades que a Rússia enfrenta na guerra da Ucrânia, Moscou perdeu a capacidade de ajudar parceiros militarmente de forma decisiva, já que concentra seus recursos na agressão ao país vizinho.

Na quarta-feira (17), de acordo com informações da Agência EFE, o ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, disse durante a reunião anual da cúpula do Exército que a Rússia gastou este ano 7,3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, sendo que 5,1% corresponderam a despesas vinculadas diretamente à guerra na Ucrânia.

“A Rússia simplesmente não tem mais a capacidade ou o compromisso de manter de forma abrangente seus relacionamentos com seus aliados e representantes, visto que concentra seus esforços em sua guerra em grande escala contra a Ucrânia”, escreveu Kareem Rifai, pesquisador do think tank American Enterprise Institute, em artigo para o site RealClearWorld.

“Em um momento de grave crise de segurança do regime, Maduro certamente não se beneficiará de apoio aéreo russo atravessando o Atlântico, nem desfrutará do mesmo envio de tropas russas para a Venezuela que ocorreu durante a última crise política do país em 2019”, projetou.

Em análise publicada em novembro, a revista americana The Atlantic acrescentou outra explicação para Putin não ter grandes motivos para oferecer ajuda a Maduro que vá além do discurso: um “cálculo semelhante ao dos aliados da Ucrânia nos dias que se seguiram à invasão russa em 2022”.

“Os EUA e outros apoiadores [de Kiev] se recusaram a fornecer armamento pesado, como artilharia e veículos blindados, em parte porque esperavam que as forças russas vencessem a Ucrânia com facilidade. Qualquer equipamento proveniente de países da Otan acabaria, então, em mãos russas. Se Putin acredita que Maduro está condenado, pode hesitar em arriscar presentear um novo regime em Caracas com armas russas”, argumentou a Atlantic.

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