As autoridades do regime de Xi Jinping responsáveis pela megalópole de Xangai, no leste da China, ordenaram que diversas redes sociais removessem até 40 mil publicações contendo “informações ilegais, irregulares e prejudiciais, incluindo previsões pessimistas sobre o mercado imobiliário”, informou a imprensa local na terça-feira (2).
Segundo o portal de notícias Sina, diversas agências do governo municipal daquela que é considerada a capital econômica do país asiático lançaram uma “campanha especial” nos últimos dias com o objetivo de “regular a disseminação de informações imobiliárias online”, em um momento em que a prolongada crise do setor parece estar se agravando.
As autoridades ordenaram que plataformas como Xiaohongshu e Bilibili – alternativas locais ao Instagram e ao YouTube, que são censuradas no país – “revisassem e removessem” mais de 40 mil publicações.
A campanha também “visou mais de 70 mil contas e mais de 1.200 perfis de transmissão ao vivo que violaram as normas locais”, diz o artigo.
A notícia sugere um aumento da censura por parte da ditadura de Xi em resposta à situação do mercado imobiliário, que parece estar se deteriorando nas últimas semanas devido à crise da dívida da China Vanke, anteriormente a maior incorporadora do país e um símbolo de apoio oficial ao setor. Os investidores também estão preocupados com um possível efeito de contágio em outras construtoras que anteriormente haviam evitado o calote.
Esta semana, a Bloomberg noticiou que Pequim ordenou que duas importantes plataformas privadas, a CRIC e a China Index Academy, parassem de publicar os dados de vendas mais recentes das 100 maiores incorporadoras do país. Esses dados são normalmente divulgados antes das estatísticas oficiais e são usados pelos investidores como referência para determinar a “saúde” do setor.
A esse respeito, a consultoria Trivium observou nesta quarta-feira (3) que esta não é a primeira vez que o regime comunista força a interrupção da publicação de dados desfavoráveis e acredita que a decisão demonstra que as autoridades “estão ficando sem instrumentos políticos viáveis e agora estão gerenciando percepções em vez de fundamentos (econômicos)”.
“Restringir a divulgação de indicadores preliminares para o setor imobiliário aumenta o risco de ceticismo entre investidores e compradores de imóveis em um momento em que a confiança já é escassa”, destaca a empresa.
A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas piorou depois que Pequim anunciou, em agosto de 2020, restrições ao acesso a financiamento bancário para incorporadoras que haviam acumulado altos níveis de dívida, principalmente a Evergrande, com passivos de quase US$ 330 bilhões.
Em resposta à situação, o regime chinês anunciou diversas medidas de apoio, com bancos estatais também abrindo linhas de crédito multimilionárias para várias construtoras, priorizando a conclusão de projetos na planta devido às suas implicações para a estabilidade social, já que a habitação é um dos principais investimentos para as famílias chinesas.
No entanto, o mercado não está reagindo: as vendas comerciais medidas pela área do terreno despencaram 24,3% em 2022, outros 8,5% em 2023 e 12,9% em 2024.
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