“Nosso sistema portuário continua em ritmo forte, quebrando recordes históricos de movimentação, sustentado por três motores principais: o agronegócio, a mineração e a energia”, diz Marcelo Neri, CEO da Alphamar e ex-presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar), cargo que deixou em 2024, após dois mandatos consecutivos.

A empresa, com sede em Santos (SP), atua recebendo navios, gerenciando cargas, pessoal, documentações pedidas pela legislação brasileira, comunicação com o exterior, com os tradings, armadores, terminais, consultoria logística, ou seja, certificando-se que tudo o que precisa ser executado na embarcação no porto seja feito. O foco da Alphamar são os granéis sólidos do agro, que em portos públicos representaram 60% de toda a carga do ano em 2024, mas a empresa quer remodelar seu negócio para os próximos anos. “Queremos transformá-la de uma agência marítima tradicional em uma consultoria de inteligência de mercado”, afirma Neri. Isso sem deixar de lado o core business da Alphamar, que é fazer o atendimento do navio.

A ideia foi reforçada em encontros que o executivo teve em Istambul, na Turquia, durante reunião anual da Federação de Associações Nacionais de Ship Brokers & Agentes Marítimos (Fonasba), em outubro. Neri é vice-presidente regional das Américas da entidade. O evento reuniu mais de 60 países e ressaltou pontos em que a inteligência artificial vai transformar o setor no mundo, como análise preditiva de rotas; automação de “port calls”, que deixarão autônomas todas as etapas envolvidas na chegada, permanência e saída de um navio no porto; automação de fretes, que farão o mesmo com o manuseio e a movimentação de cargas; maior previsibilidade logística e outras possibilidades.

“Nossa atual plataforma de dados, abrangente, mas ainda sem essa IA mais avançada, já vem alavancando nosso market share nos últimos 5 anos em cerca de 40%. O projeto consiste em investimentos vultosos no próximo ano em IA, que mudarão nosso posicionamento no mercado”, afirma o executivo, que não revela quais serão esses valores.

A percepção de que as informações relacionadas à atividade poderiam se transformar em parte do negócio começou em 2013. “Entendemos que nosso foco não era mais apenas nosso mercado, mas, sim, nosso cliente: O que ele precisa? Começamos então a construir, com esses dados brutos que passavam pela empresa, análises mais sofisticadas e as entregamos aos parceiros, para que eles tenham todas as informações de line-ups do porto para negociar a carga, destino dela, informações sobre seu mercado, Bolsa de Chicago e mais”, acrescenta o CEO, há 30 anos no setor e um dos fundadores da empresa, em 2006.