Já as empresas que mais devem contratar esses talentos são os fundos de private equity, bancos digitais, fintechs e assets (gestoras independentes, de portfólios de investimentos e de ativos financeiros), no caso dos sales traders; e grupos dos segmentos automotivo, de bens de capital e de energia, na busca dos CFOs.

Os dados fazem parte do “Guia Salarial 2026” da Robert Half, consultoria global de recrutamento especializado, que acaba de ser lançado. O documento apresenta faixas salariais para 432 cargos em oito setores – finanças e contabilidade, tecnologia, vendas e marketing, engenharia, jurídico, mercado financeiro, seguros e RH – e se baseia em uma pesquisa com 500 gestores de contratação e mil profissionais no Brasil.

“O estudo mostra que as funções diretamente ligadas à geração de receita, eficiência operacional e continuidade dos negócios serão sempre valorizadas, independentemente do momento do mercado”, analisa Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half na América do Sul. “Um dado marcante do levantamento é que 83% dos empregadores estão mais propensos a oferecer salários maiores a profissionais com habilidades técnicas especializadas e em alta demanda, o que reforça o valor do conhecimento aplicado e da atualização dos candidatos.”

Mantovani diz que uma das principais novidades do mapeamento em termos de cargos é a inclusão de uma categoria ligada à inteligência artificial (IA), na área de tecnologia, o que pode refletir a relevância do tema no mercado de trabalho.

“Até o ano passado, o único cargo relacionado à IA estava inserido no setor de big data”, lembra. “Agora, o guia passa a contar com três posições dedicadas à IA, como especialista em IA e machine learning [aprendizado de máquina], engenheiro de IA e de prompt.”

Para se ter uma ideia, a posição de engenheiro de IA apresenta ganhos de R$ 19,5 mil a R$ 27,1 mil. “Essa atualização [de funções] destaca como as empresas estão estruturando times para desenvolver, aplicar e otimizar soluções baseadas na nova tecnologia.”

O executivo acrescenta que em um mercado de trabalho competitivo, com taxas de desemprego historicamente baixas, é fundamental que as companhias utilizem referências como os guias salariais para definir políticas de recompensa condizentes com a demanda.

“Quando a remuneração não acompanha as expectativas, os profissionais priorizam benefícios como bônus por desempenho, flexibilidade e oportunidades de desenvolvimento”, pontua. Segundo o relatório, 89% dos empregadores utilizam benchmarks internos e guias de mercado para definir as faixas salariais dos times. “É uma prática que deve ser aprimorada, especialmente em áreas técnicas e em expansão.”