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Acordos de terras raras dos EUA com Tailândia e Malásia enfrentam oposição local | Mundo

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Acordos recentes firmados entre os Estados Unidos e a Tailândia e a Malásia para acesso a suprimentos de terras raras foram criticados em ambos os países como uma ameaça ao seu meio ambiente e futuro econômico.

“O que a Tailândia ganha com isso?”, questionou Phattarapong Leelaphat, do maior partido de oposição da Tailândia, o Partido Popular, em uma publicação nas redes sociais no mês passado, acusando o primeiro-ministro, Anutin Charnvirakul, de “colocar o país em perigo”.

Ele reagia a um memorando de entendimento assinado pelos Estados Unidos e pela Tailândia em 26 de outubro, à margem da reunião de cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, em outubro.

O acordo, que visa fortalecer a cooperação nas cadeias de suprimentos de terras raras e contrabalançar as restrições de exportação da China a esses recursos industriais críticos, contém cláusulas que podem ser interpretadas como concessão de direitos prioritários de desenvolvimento de minas na Tailândia para os Estados Unidos.

O acordo também foi criticado pela falta de proteção ambiental.

A opinião pública na Tailândia é sensível aos riscos de poluição. A exploração desenfreada de terras raras por empresas chinesas em uma bacia hidrográfica de Mianmar, na fronteira norte da Tailândia, alimentou esses temores.

Dezesseis minas devem ser desenvolvidas na região este ano, segundo o Stimson Center, um centro de estudos americano. O número de novas minas oscilou entre uma e três por ano de 2015 a 2021, mas o ritmo acelerou drasticamente em 2022.

Substâncias tóxicas em quantidades acima dos limites legais foram detectadas em vários rios no norte da Tailândia e acredita-se que sejam provenientes de minas em Mianmar. Se a exploração de minas for permitida também na Tailândia, “isso levará à poluição da água e do solo, destruindo habitats da vida selvagem”, disse a cientista ambiental Sonthi Kotchawat.

A China produz cerca de 70% dos elementos de terras raras do mundo, essenciais para indústrias de alta tecnologia, de veículos elétricos a sistemas de armas. Pequim tem usado restrições à exportação de terras raras como moeda de troca diplomática em sua disputa comercial com Washington.

O Sudeste Asiático tem atraído atenção como um possível fornecedor alternativo. Mianmar produziu 31 mil toneladas métricas de terras raras no ano passado, ficando em terceiro lugar, atrás apenas da China, com 270 mil toneladas, e dos Estados Unidos, com 45 mil toneladas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A Tailândia produziu 13 mil toneladas.

Os elementos de terras raras são amplamente divididos em categorias leves e pesadas. As principais minas do mundo contêm apenas cerca de 1% a 5% de terras raras pesadas, e a maioria delas depende de países como a China e Mianmar, de acordo com a Organização Japonesa para Segurança de Metais e Energia (JOMES) e outras fontes. Minas contendo grandes quantidades de terras raras pesadas foram encontradas na Malásia e em outros países nos últimos anos.

Em uma cúpula realizada no mês passado entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, a China concordou em flexibilizar as restrições à exportação de terras raras, mas ainda existem dúvidas sobre os detalhes do acordo. A disputa por terras raras no Sudeste Asiático provavelmente continuará, dizem analistas.

“O acordo entre os Estados Unidos e a China é temporário e ainda existe a possibilidade de a guerra comercial ser retomada”, disse Kei Koga, professor associado da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Ao cooperarem com os países do Sudeste Asiático em terras raras, ambos os lados “buscarão fortalecer suas posições de negociação, assegurando e expandindo suas próprias esferas econômicas e cadeias de suprimentos na região”, afirmou Koga.

A desaprovação também cresce na Malásia, que assinou um memorando de entendimento semelhante com os Estados Unidos no fim de outubro. No acordo, a Malásia promete que as empresas nacionais priorizarão as vendas de minerais críticos para os Estados Unidos e não imporão restrições às exportações de terras raras destinadas aos Estados Unidos. Partidos da oposição afirmam que o acordo prejudica a soberania econômica da Malásia.

O governo da Malásia estima que o país possua mais de 16 milhões de toneladas de depósitos de terras raras. O governo decidiu proibir as exportações de terras raras em setembro de 2023, reconhecendo-as como um recurso para o crescimento econômico.

Tengku Zafrul Aziz, ministro do Comércio da Malásia, procurou tranquilizar o parlamento em 28 de outubro, afirmando que a proibição da exportação de terras raras brutas “permanece inalterada” pelo acordo com os Estados Unidos.

A Reuters noticiou no mês passado que o governo malaio está em parceria com uma empresa chinesa para introduzir tecnologia de processamento de terras raras. A tecnologia de refino comprovada da China poderia ajudar a Malásia a desenvolver indústrias relacionadas, mas o acordo com os Estados Unidos pode ser um obstáculo.

“Perderemos bilhões de ringgits se isso acontecer”, disse Badhrulhisham Abdul Aziz, especialista em recursos minerais críticos da Malásia, argumentando contra o levantamento da proibição de exportação (1 bilhão de ringgits equivale a US$ 242 milhões).

“Além disso, a oportunidade de transformar o recurso em uma nova fonte de riqueza econômica também será afetada, e a oportunidade de usar terras raras como moeda de troca para a segurança nacional será perdida.”

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